A Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) vive um novo capítulo em sua história, marcado pela saída de um longo período de inércia e pela construção de um futebol mais transparente, inclusivo e profissional. Sob a liderança do presidente eleito Estevão Petrallás, a entidade busca reerguer a modalidade no estado, que por décadas careceu de oxigênio. A equipe do jornal O Povo Fala MS esteve com o novo gestor e aproveitou para fazer uma reportagem especial sobre a Federação.
Assumindo a gestão em um momento delicado, Petrallás, ex-presidente do Operário Futebol Clube, foi convidado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para assumir a FFMS de forma interina. “Nós viemos para poder colocar o futebol nos trilhos, fazer com que Mato Grosso do Sul possa ter de fato um futebol transparente, com qualidade e principalmente voltado para quem é amante da maior modalidade do esporte que tem, talvez no mundo”, afirmou Petrallás.
Do interinato à legitimidade
A transição não foi isenta de desafios. O presidente lembra que, nos primeiros 90 dias, houve desconfiança por parte de alguns clubes e dirigentes que temiam um possível favorecimento ao Operário. “Alguns pregavam que nós iríamos beneficiar o Operário, e isso não pode ocorrer em momento algum. Primeiro que não é o meu perfil, e segundo, tem que ficar muito claro que qualquer presidente de clube está habilitado a ser presidente da Federação. Eu não vestia a camisa mesmo”, enfatizou. Essa percepção, segundo ele, foi se desfazendo com o tempo.
A legitimidade da nova gestão foi consolidada em 8 de abril de 2025, quando Estevão Petrallás foi eleito presidente da FFMS com 48 votos, em uma eleição histórica que contou com seis candidatos – algo inédito em 27 anos. Ele permanecerá no cargo até 2027, com o apoio expressivo das entidades filiadas. “Hoje legitimado por votos, vamos completar o mandato até 2027, buscando fazer o melhor possível para os clubes filiados da Federação”, declarou.
Pilares da nova gestão
Um dos pilares da gestão de Petrallás é a acessibilidade e o diálogo com os clubes e ligas. “A acessibilidade das pessoas, eu não digo da forma física, mas no contato pessoal conosco. É muito dirigente que não tinha um acesso, eram limitados, eram escolhidas as pessoas para serem atendidas”, destacou. Essa abertura, segundo ele, tem permitido que as soluções surjam de forma coletiva, “o ouvir um ouvir o outro e todo mundo ter direito de opinar e ter voz e vez”.
A FFMS também se dedica à inclusão social através do futebol. Petrallás reitera que o esporte é o “maior instrumento de inclusão social”, capaz de interagir diferentes classes sociais, raças e religiões. A chegada do futebol feminino, com a Copa do Mundo no Brasil em 2027, é celebrada como mais um avanço nesse sentido.
Investimento na base e competições de qualidade
A revitalização das categorias de base é uma das grandes apostas. O Campeonato Estadual Sub-17 do ano passado, com cerca de 120 jogos, é um exemplo do novo foco. “Se você distribuir na quantidade de equipes, você percebe claramente o envolvimento. Você imagina cada clube com a média de 30 atletas, você tem pelo menos 20, 25 equipes participando”, explicou o presidente. A duração das competições também mudou: “Anteriormente o campeonato era jogado quinta, sexta, sábado e domingo. Hoje leva três, quatro meses uma competição.”
A FFMS tem buscado parcerias estratégicas, como com o Governo do Estado, que tem sido fundamental na questão de ambulâncias e arbitragens. “A federação tem todas as certidões. A federação está habilitada a realizar os convênios que for necessário”, pontuou Petrallás, ressaltando a importância da organização para atrair novos investimentos.
Novidades para o futuro
O Campeonato Estadual Série A deste ano foi o maior dos últimos anos, e pela primeira vez na história da Federação, houve premiação em dinheiro: R$ 50 mil para o campeão e R$ 30 mil para o vice. “Esse ano talvez, já pensando para 2026, também virá novidades. Nós não sabemos ainda o tamanho disso, mas com certeza é uma linha que a gente quer destacar sempre”, revelou.
A busca por talentos também se estende aos projetos sociais. A federação pretende fomentar projetos sociais, mesmo os não filiados, com o objetivo de “oportunizar todo mundo” e “formar cidadãos”. Ele cita exemplos de apoio a comunidades, onde “não tem uma rede, não tem uma bola”, mas que podem revelar atletas e transformar realidades. “Se nós criarmos cada um um pouquinho e de repente sai um atleta dali, ele salva a comunidade dele”, disse, referindo-se ao impacto social.
A Casa do Futebol
A nova sede da FFMS, inaugurada em junho de 2024 e carinhosamente chamada de Casa do Futebol, celebra seu primeiro aniversário nesta quarta-feira, 25 de junho. O prédio, localizado no centro de Campo Grande, concentra todos os setores da Federação e foi projetado para acolher dirigentes, atletas, clubes, cronistas e apaixonados pelo futebol de todas as regiões do Estado.
Legado e visão de futuro
Questionado sobre o legado que pretende deixar, Petrallás é enfático: “Com certeza o exemplo de fazer a base fomentar”. Ele acredita que o investimento nas categorias de base é crucial para o futuro do futebol sul-mato-grossense, que hoje é a penúltima entre as 27 federações do Brasil.
O presidente da FFMS vislumbra a retomada de grandes jogos no estado, como “um Flamengo e um Corinthians aqui”. Para isso, aposta na união e no apoio da sociedade. “O maior aliado desse futebol que está ressurgindo é a sociedade, a opinião pública nos fortalece a cada dia. Isso que nos dá ânimo, a gente não quer olhar para trás, nós temos necessidade de avançarmos rapidamente”, concluiu.
Alinhamento com a CBF
A FFMS tem buscado um alinhamento estratégico com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Petrallás expressou seu apoio à candidatura de Samir Xaud para a presidência da CBF, destacando a compreensão de Xaud sobre as realidades das federações menores. “O Samir sabe a dificuldade de uma federação pequena, e eles lá têm noção clara de como nós recebemos o futebol sul-mato-grossense”, explicou. Ele antecipa discussões com Xaud sobre a retomada de projetos importantes, como a troca do gramado e a instalação do sistema de irrigação no Jacques da Luz, visando “ideias progressistas que a gente quer evoluir”.
Fonte: Roberta Cáceres
Fotos: Assessoria de Comunicação
Usamos cookies para garantir que oferecemos a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você está satisfeito com ele.
