um marco da saúde pública brasileira que muda o combate à dengue no mundo

por Assessoria de Imprensa


A dengue, arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, é uma velha conhecida nossa. E nos últimos anos, voltou a ocupar lugar central na vida do país. Na epidemia de dengue de 2023 o Brasil registrou aproximadamente 1.65 milhão de casos prováveis e 1.079 mortes em decorrência da dengue. O quadro piorou muito em 2024: 6.5 milhão de casos estimados e cerca de 5.250 óbitos. A pressão sobre o SUS é intensa.

Em meio a esse cenário, a boa notícia finalmente chega com força: a Anvisa concluiu a avaliação técnica da Butantan-DV, a primeira vacina de dose única contra dengue no mundo, e assinou o Termo de Compromisso com o Instituto Butantan. Este era o último passo antes da liberação oficial. O termo prevê a continuidade dos estudos para monitoramento da vacina uma vez que se inicie a aplicação na população.

Todos os critérios de segurança, eficácia e qualidade foram atendidos. Os resultados foram publicados no New England Journal of Medicine, uma revista de alto impacto. A eficácia geral foi excelente: de 79,6% ao longo de dois anos, com 89,5% de proteção contra DENV-1 e 69,6% de proteção contra DENV-2. Além de mais de 90% para formas graves e hospitalizações, segundo a SBIM.

A vacina foi aprovada para a população de 12 a 59 anos. Infelizmente, crianças e idosos ficaram de fora, mas serão indiretamente protegidos pela redução de casos que a vacina provoca coletivamente. E novos estudos deverão incluir crianças, e espero, os mais velhos também.

O Butantan já produziu mais de 1 milhão de doses, que estão disponíveis para o Programa Nacional de Imunizações do SUS. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o Brasil deve começar a vacinar ainda em dezembro desse ano.

A vacina Butantan-DV é feita com os quatro sorotipos atenuados, e até o momento, apresenta perfil de segurança muito favorável, com poucas reações adversas. E oferece grandes vantagens estratégicas:

1. é em dose única — numa realidade de desigualdades profundas, logística complexa e hesitação vacinal crescente, uma vacina de dose única é ideal para proteger a a população. A vacina Qdenga, da Takeda, utilizada atualmente no SUS, apresenta grandes índices de abandono e perdas de oportunidade vacinal. Ao exigir apenas uma visita ao posto, a nova vacina tem potencial de gerar cobertura muito maior, especialmente em populações vulneráveis e regiões remotas.

2. Produção nacional — o fato de a vacina ser produzida no Brasil, com tecnologia nacional, é um tremendo diferencial estratégico. E a parceria com a empresa chinesa WuXi vai permitir escalar a produção rapidamente. Com isso, teremos menos riscos de atraso e interrupções no fornecimento (especialmente em surtos), maior previsibilidade e preço mais baixo para o SUS. Já deveremos ter 30 milhões de doses no segundo semestre de 2026.

A ciência brasileira tem hoje um dia histórico. Parabéns ao Instituto Butantan e ao SUS. E em especial à população brasileira.



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