O presidente Donald Trump anunciou na sexta-feira, em uma publicação nas redes sociais, que estava retirando seu apoio à deputada Marjorie Taylor Greene, republicana da Geórgia que antes era conhecida como uma de suas apoiadoras mais fervorosas, acusando-a de se voltar contra ele e de se fixar em críticas. Greene respondeu aos ataques, afirmando em uma publicação nas redes sociais que não “adora nem serve a Donald Trump”, sugerindo que continuaria a pressionar pela divulgação dos arquivos do caso Jeffrey Epstein.
Numa longa publicação no Truth Social, Trump escreveu: “Estou retirando meu apoio e endosso à ‘Deputada’ Marjorie Taylor Greene”. “Ela já disse a muitas pessoas que está chateada porque eu não retorno mais suas ligações, mas com 219 congressistas, 53 senadores, 24 membros do gabinete, quase 200 países e uma vida normal para levar, não posso receber ligações diárias de uma lunática estridente.”
A ruptura ocorre após meses em que Greene expressou crescente ceticismo em relação à atenção cada vez maior do presidente a conflitos estrangeiros e alertou que questões internas, como o custo de vida, o aumento dos custos da saúde e as oportunidades econômicas para a próxima geração, estão sendo deixadas de lado.
Ela também compartilhou uma mensagem de texto que disse ter enviado ao presidente, pedindo que Trump “se empenhasse” na investigação de Epstein como forma de atacar os democratas que se associaram a ele.
Trump classificou essas preocupações como deslealdade, dizendo que a mudança dela “pareceu ter começado” depois que ele a desencorajou de se candidatar a um cargo estadual e parou de atender suas ligações. Ele também sugeriu que os republicanos em seu distrito deveriam recrutar um adversário nas primárias, prometendo que “se a pessoa certa se candidatar, terá meu apoio total e inabalável”.
O presidente ridicularizou ainda mais suas recentes aparições na mídia como prova de que ela se afastou de sua ala do partido, “chegando ao ponto de participar do programa The View, com suas apresentadoras de baixo QI que odeiam republicanos”.
O anúncio representa a ruptura mais drástica até o momento entre Trump e uma parlamentar que construiu sua carreira como uma de suas mais ferrenhas defensoras.
Nos últimos meses, Greene demonstrou uma mudança visível e pública em relação ao seu alinhamento antes inabalável com Trump. Seu afastamento do presidente sinalizou uma disposição para discordar em uma série de questões, o que frequentemente a coloca em desacordo tanto com Trump quanto com seus colegas republicanos em Washington.
No início deste ano, ela se tornou a primeira parlamentar republicana a classificar a crise humanitária em Gaza como genocídio e desafiou a posição de seu partido em uma série de questões de política externa. Ela criticou a liderança republicana e a Casa Branca por não tomarem decisões políticas imediatas para lidar com o aumento do custo de vida para milhões de americanos, apesar de terem feito disso um ponto central da campanha de 2024 do partido.
Mais recentemente, ela atraiu a ira dos republicanos ao ser uma das únicas quatro deputadas do partido que se juntaram a todos os democratas na assinatura de uma petição para forçar uma votação sobre a divulgação completa dos arquivos do Departamento de Justiça relacionados a Epstein. Ela chamou a oposição do presidente à divulgação de “um grande erro de cálculo” e disse que “estaria ao lado das mulheres e acho que elas merecem ser aquelas por quem estamos lutando”.

