O presidente Donald Trump emitiu uma ordem executiva nesta sexta-feira que reduz as tarifas sobre carne bovina, tomate, café, banana e outros produtos alimentícios, medida destinada a diminuir os custos de itens de supermercado enquanto a administração enfrenta forte pressão dos eleitores para cortar preços de bens do dia a dia.
A ordem assinada por Trump não isenta totalmente os produtos de tarifas e exclui os itens das tarifas “recíprocas”, que começam em 10% e podem chegar a 50%.
Desde julho, as exportações brasileiras enfrentam taxas de 50%, compostas por uma tarifa recíproca de 10% e uma taxa adicional de 40% destinada a punir o país pela condenação do ex-presidente brasileiro e aliado de Trump, Jair Bolsonaro.
Segundo a Bloomberg, citando um funcionário da Casa Branca que pediu o anonimato, as mudanças anunciadas nesta sexta-feira afetam apenas a tarifa de 10%, o que significa que os produtos agrícolas do Brasil ainda enfrentarão a taxa adicional de 40%.
Isso mantém em vigor impostos substanciais sobre as exportações de café e carne bovina. As tarifas de Trump contra o Brasil exacerbaram a escassez em ambos os mercados, o que elevou em cerca de 20% os preços em setembro na comparação com o ano anterior.
As compras americanas de grãos brasileiros caíram mais de 50% entre agosto e outubro com as tarifas em vigor, segundo a associação brasileira do setor, a Cecafé. A produção doméstica do grão nos EUA é insignificante, e os poucos produtores americanos também expressaram preocupação de que os preços elevados possam reduzir a demanda por seus produtos.
Segundo a CNN, a importação de tomate do México, um dos principais fornecedores dos Estados Unidos, continuará sujeita à tarifa de 17%. Essa alíquota entrou em vigor em julho, após a expiração de um acordo comercial de quase três décadas. O preço do tomate aumentou quase imediatamente depois da aplicação dessas tarifas.
A ordem executiva assinada por Trump diz em determinado trecho:
“Recebi informações e recomendações adicionais de diversas autoridades que, sob minha orientação, têm monitorado as circunstâncias relativas à emergência declarada no Decreto Executivo 14257. Após considerar as informações e recomendações que me foram fornecidas por essas autoridades, o andamento das negociações com diversos parceiros comerciais, a demanda interna atual por certos produtos e a capacidade interna de produção de certos produtos, entre outros fatores, determinei que é necessário e apropriado modificar ainda mais o escopo dos produtos sujeitos à tarifa recíproca imposta pelo Decreto Executivo 14257. Especificamente, determinei que certos produtos agrícolas não estarão sujeitos à tarifa recíproca imposta pelo Decreto Executivo 14257.”
Centenas de produtos alimentícios — incluindo cocos, nozes, abacates e abacaxis — foram listados pela administração para isenção tarifária. As reduções tarifárias têm efeito retroativo, passando a valer a partir de 00h01 (horário de Nova York) de 13 de novembro.
Também estão incluídos nas isenções o cacau e o suco de laranja congelado, além de algumas nozes e frutas tropicais. Os EUA têm importado mais produtos tropicais que não podem ser cultivados no país, ampliando o déficit comercial agrícola americano.
As importações desses produtos devem alcançar US$ 39,4 bilhões neste ano, equivalentes a 18% do total das importações agrícolas do país. O café sozinho responde por um terço desse valor, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA.
O alívio nas tarifas sobre a carne bovina ocorre após Trump afirmar que os Estados Unidos aumentariam as compras da Argentina, o que provocou reação negativa de pecuaristas e de republicanos de estados agrícolas.
Os preços ao consumidor dispararam para níveis recordes em meio à redução do rebanho bovino doméstico. A demanda resiliente, porém, faz com que o país dependa cada vez mais de importações para preencher a lacuna.
Um funcionário da Casa Branca, que pediu anonimato para falar sobre a ordem executiva, disse mais cedo que o presidente está cumprindo sua promessa de negociar acordos comerciais e depois ajustar as tarifas conforme necessário.
O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, adiantou o plano nesta sexta-feira, dizendo que ele se encaixa na estratégia mais ampla de Trump de criar isenções tarifárias para setores e bens essenciais.
“Agora é o momento certo para, você sabe, liberar alguns desses itens que o presidente disse que iria liberar”, afirmou Greer. “Isso é um desdobramento natural exatamente do que o presidente sinalizou, e é isso que ele está fazendo hoje.”
Trump e autoridades sêniores dos EUA têm rejeitado as críticas de que suas políticas comerciais aumentaram o custo de vida, mas reconhecem a necessidade de fazer mais para reduzir os preços elevados que frustram os eleitores há anos.
Trump tem elogiado regularmente os méritos das tarifas, dizendo acreditar que os impostos de importação são compensados, em parte, por reduções de preços dos vendedores, suavizando o impacto sobre os consumidores.
Na quinta-feira, o governo anunciou acordos com vários países da América Latina — incluindo Argentina, Guatemala, El Salvador e Equador — que também têm como objetivo ajudar a reduzir o custo de muitos itens que não são produzidos em quantidades significativas nos EUA.

