O coronel Hugo Chavéz apontava em coletivas os jornalistas que ele achava que eram adversários do seu governo e estimulava seus seguidores contra os profissionais. Isso foi há mais de 20 anos, era o começo do chavismo. O governo de Donald Trump iniciou uma campanha par expor os jornalistas e veículos de mídia que ele considere adversário ou que fizeram reportagem das quais o governo não goste. O autoritarismo é igual só muda de endereço.
- ‘Não queremos a paz dos escravos’: Maduro defende a soberania da Venezuela em meio à escalada militar com os EUA
Seja em Miraflores, seja na Casa Branca, a estratégia é a mesma. Acusar o jornalista, ameaçá-lo e principalmente expor o profissional ao ataque dos seguidores. Vivemos agora horas tensas, com a ameaça cada vez maiores de Trump sobre a Venezuela. O governo chavista, cuja presidência hoje é exercida por Nicolás Maduro há muito tempo desmontou as bases do sistema democrático. O chavismo é um caso bem-sucedido do projeto de tomar o poder e, de dentro, destruir a democracia. Foram muitos anos de manipulação, desmonte da imprensa que não fosse governista, e de eleições fraudadas ou de resultados não respeitados.
A Casa Branca lançou uma campanha para expor os jornalistas que desagradar ao governo. Impensável uma coisa assim nos Estados Unidos, alguns anos atrás. Mas a democracia americana vem funcionando muito mal. Não conseguiu impedir que um agressor das instituições como Donald Trump, que mandou manifestantes invadirem o Capitólio, voltasse ao poder. A partir daí tudo pode acontecer. Como esse absurdo de colocar os nomes dos jornalistas ou dos órgãos de imprensa junto com palavras como “enganador, enviesado”.
Quando Hugo Chavéz começou em eventos públicos a estimular o ataque dos seus seguidores aos jornalistas que ele considerava adversários do governo dele parecia coisa de uma republiqueta. O mesmo passará a acontecer agora de forma digital em Washington.
O governo brasileiro sempre viu com preocupação qualquer notícia de conflito militar em um país da região. Muitas vezes o governo atual pareceu apoiar Maduro. Mas depois da última eleição em que Maduro ignorou solenemente o pedido do Brasil de que divulgasse as atas eleitorais, a relação esfriou.
Quando o governo americano de Trump manda fechar o espaço aéreo da Venezuela e cria uma espécie de contagem regressiva para uma operação militar, o que não se pode dizer é que há um mocinho. Os dois, um que se diz na esquerda, e o outro declaradamente de direita têm os mesmos métodos, e o mesmo alvo: a democracia. No caso de Maduro, ele já conseguiu desmontá-la. O que o mundo se pergunta é o que acontecerá se Trump tiver sucesso no seu projeto autocrata,

