Uma receita familiar trazida da Alemanha conquista corações há 80 anos no Rio. A torta de damasco da tradicional Confeitaria Kurt é um sucesso que atravessa gerações de clientes. Ela é feita diariamente com massa de pão de ló, recheada com camadas de geleia de damasco e chantilly artesanal.
— Uma tia minha tinha essa receita; e o Kurt (Deichmann) começou a passar para os confeiteiros em 1945. E um foi ensinado o outro ao longo dos anos. É feita da mesma forma — conta Evelyn Deichmann, sobrinha de Kurt e sócia da confeitaria.
Kurt fugiu da guerra na Alemanha, vindo morar no Brasil. Ele abriu a confeitaria no Rio em 1942. Segundo Alan Geller, filho de Evelyn e gestor da casa no Leblon, é um grande desafio oferecer um produto amado há décadas:
— Criar uma coisa nova é relativamente fácil. O desafio está também na mudança da matéria-prima. Fornecedores que a gente tinha 80 anos atrás não existem mais. Ao longo desse tempo, tivemos que fazer algumas adaptações para a torta ficar o mais próximo possível do que sempre foi.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/y/R/anZQuXRhuuIo298VvuwQ/kurt-mae-e-filho.jpeg)
Alan conta que, no passado, para se fazer o chantilly, usava-se apenas um tipo de creme de leite:
— Hoje em dia, a gente faz quatro cremes de leite para resultar no que era antigamente. Outro fator positivo é uma equipe que trabalha aqui há muito tempo. Temos funcionários de 40 anos, 30 anos, 20 e poucos anos. Existe a memória do original, o que facilita a manter o gosto lá de trás.
Ele conta que a torta de damasco é a mais antiga, mas outra veterana é a mais vendida:
— Nossa torta de morango e chantilly é a que a gente vende mais. E é uma torta tão antiga quanto a de damasco — revela.
Alan diz que outra dificuldade da Kurt é lançar um doce novo e tirar um antigo, para não ficar com um portfólio tão grande:
— Quando a gente cria uma torta, achamos que podemos tirar outra do cardápio. Somos uma loja pequena, não podemos só acrescentar produtos. Temos mais de 100 itens. Mas aí vem alguém e pergunta: “como você tirou aquele doce? Porque lembro a minha avó, a minha bisavó comendo esse doce. As pessoas têm essa memória afetiva, vem de família.
Ele avalia que a confeitaria precisa apresentar novidades, para alcançar outros consumidores:
— A gente precisa conquistar um público novo, não adianta ficar vendendo a mesma coisa a vida inteira. E tem muita gente nova que vem aqui, é ótimo. Hoje as pessoas buscam produtos instagramáveis. E o macarron é um produto que chama muita atenção e é muito gostoso. Os jovens vêm muito em busca disso.
Alan diz que uma das novidades da casa é uma mousse de maracujá, antes apenas vendida como torta e agora oferecida em potinho. É mais fácil de transportar, o que funciona bem no delivery. Isso porque algumas tortas são muito delicadas e não chegam bem se forem entregues no formato original.
— Alguns produtos não chegam tão boas no iFood. Por isso a gente está criando esses produtos novos em potinhos, que se transportam bem. Além da mousse de maracujá, a gente tem a Astória, que é tipo um cheesecake de freezer, no pote. E estamos terminando os testes de um pote de chocolate crunch, bem crocante.
Outros doces de sucesso da casa são a Sacher tarte, a bienenstich (picada de abelha), a torta basca, entre outras dezenas de delícias produzidas diariamente.
Alan acredita que o Kurt é uma confeitaria que simboliza boas memórias para o carioca:
— Acho que é um ponto de encontros, um lugar de afeto e boas lembranças. E de continuidade, de todo dia fazer a mesma coisa e bem feita.
Os preços da torta de damasco são: mini (R$ 115, com 13 cm – 4 a 6 fatias); pequena (R$ 240, com 20 cm – 12 a 14 fatias); e a grande (R$ 260, com 25 cm – 16 a 18 fatias). O endereço é Rua General Urquiza 117, Leblon. Funciona de segunda a sexta, das 8h às 19h; sábado, das 9h às 18h. Encomendas e delivery: 2294-0599 (WhatsApp).

