É quase uma segunda casa para o Brasil. Pela 25ª vez, Londres recebeu uma partida da seleção brasileira, sendo 35 jogos em toda a Inglaterra. Foi a 9ª vez no Emirates Stadium, casa do Arsenal, com apoio em massa e estádio lotado: 58.657 mil ingressos vendidos.
Com o apoio, a equipe canarinho venceu Senegal por 2 a 0, com gols de Estêvão e Casemiro.
Um restaurante brasileiro no entorno foi ponto de encontro da torcida antes do jogo. Heitor Pecly veio com os amigos de Dublin, na Irlanda, para assistir à seleção ao vivo pela primeira vez.
“Já vamos entrando no clima para a Copa do Mundo,” disse à Folha.
“A seleção continua sendo uma das favoritas ao título, mas, desde a Copa no Brasil em 2014, quando sofremos aquele desastre para a Alemanha, os adversários vêm perdendo um pouco do respeito pela camisa da seleção. Acho que a gente deve conquistar isso de volta, o Brasil merece ser respeitado.”
Heitor e os amigos são unânimes no apoio a Carlo Ancelotti, prestes a completar seis meses no cargo.
“Temos uma grande chance de trazer o hexa com o Ancelotti. Ele é uma pessoa de grupo, a gente vê pelo que ele fez no Real Madrid e nos outros clubes. Ele conhece os jogadores, trabalhou com Vini Jr, Rodrygo, outros jogadores desse nível,” disse.
“O clima da seleção é bom, a desconfiança diminuiu. O mundo e os brasileiros estão mais confiantes com o Ancelotti.”
Perto dali, torcedores paravam para comprar os famosos cachecóis vendidos em jogos na Inglaterra. O dono oferecia uma promoção: um por £ 20 (R$ 140), dois por £ 30 (R$ 210). Dava para escolher os com as cores do Brasil, de Senegal e do Arsenal e com o rosto do zagueiro Gabriel Magalhães, que atua pelo clube inglês.
André Pereira da Silva mora na Inglaterra há seis anos e trouxe os filhos de 12 e nove anos para verem a seleção pela primeira vez.
“Nossa família ainda reside no Brasil, queremos manter isso vivo. Dentro da nossa casa, eles continuam falando português,” disse à Folha.
“Hoje em dia, como eles não têm tanta identificação com o nosso país, nada mais do que manter a ligação Brasil e futebol, que a gente ama e que eles praticam aqui, e trazê-los para que tenham esse envolvimento e manter a nossa cultura.”
“É um jogo para famílias, um ambiente seguro, alegre, o pessoal está aqui para festejar,” completou a esposa Andreia Alcântara. “Eles estão podendo vivenciar isso e aproveitar esse momento, que não é sempre que a gente tem.”
No estádio, o clima quente nem parecia de amistoso. A bola no travessão de Matheus Cunha aos 16 minutos do 1º tempo levantou ainda mais a torcida, que explodiu com o chute de esquerda de Estêvão aos 28, fazendo 1×0, e com o segundo gol de Casemiro, aos 35.
A empolgada torcida adversária seguia apoiando. Samba Diagne viajou do Senegal só para ver sua seleção.
“Vim pelo prazer de apoiar meu país. Estamos invictos há muito tempo, nosso objetivo é continuar vencendo. Vivemos um momento muito bom, com uma equipe que tem entrosamento, jogadores que atuam em grandes clubes,” disse à Folha.
A confiança não era à toa. Atual 18º colocado do ranking da FIFA, o Senegal ficou invicto nas Eliminatórias Africanas, com sete vitórias e três empates, e chegou em duas finais nas últimas quatro edições da Copa Africana de Nações, sendo campeões em 2021.
Diagne também realizou um desejo antigo: ver a seleção brasileira jogar.
“Desde a minha infância, sempre acompanhei o Brasil. Hoje é uma oportunidade para ver as duas seleções. É um sonho assistir ao Brasil.”
“Lembramos de Ronaldinho, Ronaldo. Será um prazer ver a sua seleção. Mas vai ser um jogo difícil porque vai ser uma revanche para vocês,” disse o também senegalês Yoro Diakhoumpa, lembrando do histórico entre as duas equipes, com um empate em 2019 e uma derrota do Brasil em 2023.
Desta vez, foi diferente. A seleção agora tem oito vitórias e apenas uma derrota no Emirates, com 14 gols marcados e dois sofridos. No retrospecto em partidas em Londres, são 13 vitórias, oito empates e quatro derrotas.

