Temperatura no Brasil pode aumentar 6°C até 2100, diz biólogo do Inpa

por Assessoria de Imprensa


Os impactos das mudanças climáticas nos biomas brasileiros indicam que o Brasil poderá enfrentar aumento de temperatura entre 3°C e 6°C até 2100, acima da média global. Foi o que alertou o biólogo Adalberto Val, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), durante palestra na terça-feira (18/11), na Casa da Ciência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O especialista apresentou os desafios impostos pelas mudanças climáticas aos seis biomas continentais do Brasil: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampas. 

Adalberto Val destacou que esses sistemas naturais desempenham funções ecológicas, climáticas e socioeconômicas essenciais para o desenvolvimento nacional, além de influenciarem processos como o ciclo hidrológico da América do Sul e a estabilidade do clima global — todos estão sob pressão crescente devido às mudanças climáticas, o que pode levar à perda de habitats, àedução da biodiversidade e ao risco significativo de colapso ecológico.

O pesquisador detalhou os principais efeitos esperados das mudanças climáticas nos biomas brasileiros, ressaltando que cada um enfrenta desafios específicos.

Na Amazônia, os impactos incluem aumento da mortalidade de árvores, incêndios mais frequentes, declínio da vegetação e eventos extremos, como as secas de 2023 e 2024. Além disso, o aquecimento das águas amazônicas provoca queda do pH e redução do oxigênio dissolvido, causando grande mortalidade de peixes.

No Cerrado, os períodos de seca tendem a se prolongar, afetando processos ecológicos como a regeneração natural, os ciclos de polinização e a dinâmica dos aquíferos. Até 35% das espécies vegetais do bioma podem estar em risco de extinção regional até meados do século XXI. Já na Mata Atlântica, das 1,3 mil espécies registradas, cerca de 31% podem ser ameaçadas de extinção, agravando a situação de um bioma que já perdeu grande parte de sua cobertura original.

No Pantanal, secas extremas e megaincêndios são os desafios enfrentados, enquanto a Caatinga se destaca como um dos mais vulneráveis, devido à combinação entre degradação ambiental e fragilidade socioeconômica regional. Nos Pampas, as projeções indicam aumento de até 12% na precipitação e maior frequência de ciclones, fenômenos que intensificam enchentes e secas extremas.

Apesar do cenário preocupante, Val reforçou que existem caminhos para enfrentar a crise climática. “Há soluções baseadas na ciência que podem oferecer respostas rápidas aos desafios do país. É urgente repensar os arranjos institucionais para mobilizar recursos, integrar informações e fortalecer a governança, garantindo políticas públicas eficazes para adaptação e conservação”, concluiu.

*Estagiário sob supervisão de Cida Barbosa 

 


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