Rodrigo Paz é eleito presidente na Bolívia, aponta resultado preliminar

por Assessoria de Imprensa


O senador de centro-direita Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), foi eleito presidente da Bolívia, segundo os resultados preliminares oficiais do segundo turno, com 54,49% dos votos, em um pleito disputado por dois candidatos de direita e em meio a uma grave crise econômica após 20 anos ininterruptos de governos de esquerda. O economista de 58 anos, filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993), derrotou a direitista Aliança Livre do também ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, que representa a direita clássica boliviana, que ficou com 45,47% dos votos.

O resultado preliminar, divulgado pelo Tribunal Supremo Eleitoral (Sirepre), foi conhecido por volta das 20h45 (horário de Brasília), quando cerca de 95% dos votos haviam sido contabilizados. A contagem final ainda pode variar.

— Este é um momento de mudança, de renovação, e acredito que neste ano bicentenário, o país está encerrando 200 anos de um ciclo e iniciando um novo (…). Se o povo da Bolívia me der a oportunidade de ser presidente (…), minha abordagem será chegar a um consenso, concordar, fazer as coisas avançarem — disse Paz a repórteres neste domingo, acompanhado de seu pai de 86 anos, ao sair de uma seção eleitoral na cidade de Tarija, no sul do país.

Paz prometeu uma abordagem de “capitalismo para todos” para a reforma econômica, com descentralização, impostos mais baixos e disciplina fiscal combinados com gastos sociais contínuos. Na campanha, afirmou que não solicitará créditos até reestruturar as finanças internas.

Mas, mesmo com o controle do Congresso, onde o PDC ocupará 47 cadeiras e a Aliança Livre, de Quiroga, 37 — de um total de 130 —, o presidente eleito deverá selar os acordos necessários para garantir a governabilidade num país cuja história ensina que governos que adotam medidas impopulares enfrentam ruas combativas.

Uma coalizão parlamentar será fundamental para avançar em reformas, entre elas a da própria Constituição. Paz também deverá encontrar rapidamente soluções para uma crise econômica que se alastra há mais de cinco anos, com um déficit fiscal de cerca de 5% do PIB, a produção e exportação de hidrocarbonetos em níveis historicamente baixos, uma economia informal que já atinge cerca de 70% dos trabalhadores do país, e uma situação caótica no mercado cambial.

Tudo isso, com o ex-presidente Evo Morales foragido da Justiça, outros dirigentes políticos presos, e os sindicatos, fortes aliados do MAS (Movimento ao Socialismo) no passado, de olho nos planos de ajuste do presidente eleito.

Morales também votou neste domingo em um vilarejo em Chapare, em Cochabamba, mesmo foragido da polícia. O ex-presidente que governou por três mandatos consecutivos entre 2006 e 2019, não conseguiu registrar sua candidatura devido a uma decisão judicial que proibiu mais de uma reeleição. O líder vive em um região cocaleira, protegido por uma guarda indígena de uma ordem de prisão por um caso de tráfico de menor de idade, acusação que ele nega.

Paz enfrentará o desafio de implementar reformas amplas, como reduzir o déficit fiscal de cerca de 10%, ajustar os preços dos combustíveis — que podem até triplicar — e negociar com credores internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), para garantir dólares e estabilizar a economia.

A produção despencou e a Bolívia quase esgotou suas reservas em dólares para sustentar um subsídio universal para combustível que também não tem condições de importar.O governo do presidente Luis Arce, que não concorreu à reeleição, quase esgotou suas reservas internacionais de dólares para sustentar sua política de subsídios. Além disso, importa gasolina e diesel e alguns insumos como o trigo, para fazer farinha, e os vende por um preço mais baixo no mercado interno. Mas sem divisas para as compras internacionais, a disponibilidade desses produtos se tornou inconstante e causou longas filas.

A produção boliviana registrou contração de 2,4% no primeiro semestre de 2025, segundo dados oficiais. O Banco Mundial projeta uma recessão que deve durar pelo menos até 2027. As longas filas para abastecimento de combustíveis viraram parte da paisagem do país de 11,3 milhões de habitantes. A inflação atingiu 23% em termos anuais em setembro.

Arce deve deixar o cargo em 8 de novembro, após cumprir um único mandato presidencial que começou em 2020.



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