O Palácio de Buckingham finaliza os detalhes de um pacote financeiro destinado a Andrew Mountbatten Windsor, anteriormente príncipe Andrew e duque de York, que perdeu oficialmente todos os títulos e honrarias reais por decisão do rei Charles III nesta semana. Segundo o jornal inglês The Guardian, o plano prevê uma indenização única de valor elevado e uma pensão anual para assegurar estabilidade financeira ao irmão do monarca, agora sem funções públicas.
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De acordo com fontes próximas ao palácio, citadas pelo veículo britânico, uma das propostas em discussão envolve uma quantia inicial de seis dígitos para cobrir os custos da mudança de Andrew da Royal Lodge, em Windsor, para uma residência privada em Sandringham, Norfolk.
Após a transição, ele passaria a receber uma anuidade paga com recursos pessoais do rei — um valor substancialmente superior à pensão anual de 20 mil libras (cerca de R$ 141,4 mil) que recebe da Marinha. As negociações ainda estariam em andamento.
Perda de títulos e honrarias
O anúncio da retirada dos títulos foi feito pelo Palácio de Buckingham em comunicado oficial. O texto declarou que o rei iniciou o processo formal “para remover o tratamento, títulos e honrarias do príncipe Andrew” e confirmou que “o aviso formal para entrega do arrendamento da Royal Lodge já foi emitido”. A nota acrescentou: “Suas Majestades desejam deixar claro que seus pensamentos e sua mais profunda solidariedade estiveram e continuarão com as vítimas e sobreviventes de todas as formas de abuso”.
O afastamento é consequência do escândalo envolvendo Jeffrey Epstein, milionário acusado de tráfico humano e abuso sexual. As acusações contra Andrew vieram à tona em 2015, quando Virginia Giuffre afirmou ter sido forçada a manter relações com o então príncipe em diferentes propriedades de Epstein. Embora Andrew tenha negado as alegações, acabou fechando um acordo judicial nos Estados Unidos.
A decisão da família real contou com total apoio do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Um porta-voz de Downing Street afirmou: “Nossos corações estão com a família de Virginia Giuffre e com todas as vítimas que sofreram com os crimes desprezíveis de Jeffrey Epstein”.
Já Sky Roberts, irmão de Virginia, disse ao Guardian que o gesto representa um “reconhecimento real de que algo aconteceu” entre Andrew e sua irmã. “Acho que o rei está sendo muito claro ao dizer que está do lado dos sobreviventes”, declarou.
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O rei Charles III usou seus poderes de prerrogativa real para abolir o ducado e remover formalmente o direito de Mountbatten Windsor de usar o título e o estilo de príncipe e “Sua Alteza Real”. Nos próximos dias, deverão ser emitidos um decreto real e cartas patentes oficializando a decisão.
Paralelamente, o ministro do Comércio, Sir Chris Bryant, afirmou que Andrew deve estar disponível para prestar depoimento nos Estados Unidos, caso seja solicitado.
— Assim como qualquer cidadão comum, se houvesse pedidos de outro país desse tipo, eu esperaria que qualquer pessoa decente atendesse a esse pedido. Então penso o mesmo neste caso — declarou ao programa BBC Breakfast.
A Scotland Yard também avalia se abrirá novas investigações sobre as atividades do ex-duque, incluindo suspeitas de tentativa de obter “informações comprometedores” sobre Virginia Giuffre.
Embora a perda dos títulos tenha efeito imediato, Andrew permanecerá na Royal Lodge até o Natal, o que o afastará das celebrações familiares em Sandringham. A decisão foi influenciada também pela rainha Camilla, segundo o Telegraph, preocupada com o impacto da situação sobre seu trabalho com vítimas de abuso sexual.
O Palácio de Buckingham afirmou que “a família real, incluindo os príncipes de Gales, apoia plenamente a liderança do rei nesse assunto e que todas as decisões foram tomadas pelo monarca, com o apoio do restante da família”.
Oitavo na linha de sucessão
Andrew segue sendo o oitavo na linha de sucessão, já que qualquer mudança exigiria aprovação do Parlamento.
O editor da Majesty Magazine, Joe Little, observou: “Claramente, seria necessária uma catástrofe para que ele se tornasse rei, dado o número de pessoas à sua frente. Então, não teria sido mais simples retirá-lo da linha de sucessão?”

