‘Quero que seja normal ver batalhas em festivais’

por Leandro Ramos


Quando tinha 13 anos, Mauro Henrique foi pela primeira vez a uma batalha de rimas em sua cidade, Mogi das Cruzes, Grande São Paulo. Neste domingo, aos 22 anos, o mesmo Mauro foi consagrado vencedor da batalha de rimas no The Town, agora sob o nome Kroy MC. Pela primeira vez, o festival recebeu a Batalha da Aldeia, a maior competição de rima do país. A batalha de rimas freestyle criada em Barueri, na Grande São Paulo, chegou ao festival com o Superliga The Town e fez a alegria do público com duelos eliminatórios ao longo dos cinco dias do festival. Kroy MC levou a melhor.

Com a calma de quem está acostumado com as vitórias — são dez títulos na Batalha da Aldeia, mais outras dezenas em batalhas das zonas Leste, Norte e Sul de São Paulo — Kroy relembra sua trajetória como se já soubesse, desde o início, que estava destinado a brilhar rimando. Sua especialidade são temas políticos, e na final deste domingo as fraudes do INSS viraram rima.

— Desde que eu era pequeno, eu sempre quis entender por que algumas coisas aconteciam comigo. E a cada dia que passa, eu estudo mais um pouquinho pra entender como as coisas são e por que elas são do jeito que são. Algumas coisas me indignam muito, outras coisas me deixam muito curioso, então sempre estou absorvendo, lendo, vendo política geopolítica, vendo política nacional, internacional, sempre tentando aprender e também pautar da melhor forma — conta.

O jovem que começou a rimar em grupos de WhatsApp antes de ganhar as ruas hoje consegue viver e sustentar a família com o trabalho como MC, e estava ansioso para assistir Belo, que toca nesta noite no The Town. E apesar da desenvoltura com o público ser grande — ele garante que nunca foi tímido e que sempre gostou da plateia — poder mostrar seu talento com a rima em rede nacional é algo difícil de absorver.

— Demora para cair a ficha, né? Tipo assim, eu estou no Multishow, rimando lá no Multishow. Aí minha mãe está me vendo na tela da TV, aí daqui a pouco minha mãe vai me ver no story de um artista muito famoso, aí minha mãe vai me ver com a Negra Li, que é a mulher que ela escuta desde que ela era mais nova. É muito gratificante ela ver que o filho dela conheceu a Negra Li. A gente não estava acostumado com esses acessos, mas estamos nos acostumando cada vez mais. Eu quero que seja normal ver batalhas em festivais assim — diz.

Foi uma final animadíssima, com direito a três rounds de competição para definir o vencedor. Do outro lado, estava Neo BXD, MC da Baixada Fluminense. Assuntos políticos, futebol, relacionados ao que está bombando nas redes sociais ou relativos aos locais onde vivem os MCs, tudo pode virar tema de rima: o importante é saber improvisar bem. O público faz parte do conjunto, com gritos, palmas e reações a cada provocação de um artista contra o outro. Mas Kroy garante que, terminada a batalha, todo mundo é amigo.

— O respeito entre nós é máximo, depois a gente sai para tomar um negócio junto, sai pra comer alguma coisa, sai pra confraternizar depois de todo evento, toda batalha, todo mundo se dá bem e se admira — afirma.



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