A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, na quinta-feira (16), em uma mansão de luxo na Barra da Tijuca, quatro integrantes de uma organização criminosa especializada no chamado “golpe da falsa central de banco”, que fez mais de duzentas vítimas em todo o país e movimentou mais de R$ 25 milhões em três anos.
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O golpe ocorria quando criminosos se passavam por funcionários de instituições financeiras e, com aparência de legitimidade, induziam as vítimas a acreditar que havia uma fraude em suas contas. Sob esse pretexto, orientavam-nas a fornecer senhas, instalar aplicativos de acesso remoto ou realizar transferências para contas controladas pelo grupo criminoso.
De acordo com o delegado Ângelo Lages, titular da 12ª DP (Copacabana), unidade que efetuou a prisão dos investigados, as vítimas preferenciais eram idosos.
— Eles tiveram acesso privilegiado a cerca de 70 mil dados de clientes de instituições financeiras. E não só informações de cadastro, mas a quantia que a pessoa tinha na conta bancária, valor do cheque especial, valor de investimento, além de foto e nome do gerente da agência. Com isso em mãos, eles ligavam para os correntistas se passando pelo gerente e incutiam o medo nesses clientes. Diziam que a conta estava prestes a sofrer uma fraude e que havia um PIX de R$ 30 mil, R$ 50 mil agendado. Achando que sofreria uma fraude, a vítima acabava fornecendo seus dados ou transferindo valores para contas da quadrilha. Depois, os integrantes sacavam esse dinheiro e faziam depósito fracionados, de R$ 2 mil, em contas de empresas de fachada ligadas à quadrilha — detalha Lages.
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As investigações apontam que, o bando usava empresas de fachada para ocultar e dissimular a origem ilícita dos valores roubados, que usados na compra de veículos, imóveis e artigos de luxo. A Justiça determinou bloqueios judiciais de até R$ 14 milhões dos investigados (pessoas físicas e jurídicas), indisponibilidade de imóveis, sequestro de veículos e apreensão de bens de alto valor, como joias, relógios, roupas de grife e perfumes importados.
Origem das investigações em Florianópolis
As investigações tiveram início em julho de 2024, após uma vítima de Florianópolis sofrer prejuízo de aproximadamente R$ 100 mil. A partir das diligências, foi possível identificar os responsáveis pelo golpe, todos residentes no estado de São Paulo.
Foram expedidos 11 mandados de prisão temporária e 20 mandados de busca e apreensão. Na última terça-feira (14), a Polícia Civil de Santa Catarina, em conjunto com a Polícia Civil de São Paulo, deflagrou a Operação Central Fantasma e cumpriu em São Paulo, Guarulhos e Bertioga os mandados de busca e prendeu quatro criminosos. Foram recolhidos aparelhos celulares dos investigados, que ajudarão na continuidade das investigações, e apreendidos aproximadamente R$80 mil em espécie e um veículo HONDA/HRV.
A ação de quinta-feira no Rio foi resultado de um trabalho integrado da Polícia Civil fluminense com a de Santa Catarina, que percebeu a possibilidade da liderança da quadrilha, que não foi localizada durante a operação de terça-feira, estar no estado.
Os investigados responderão pelos crimes de fraude eletrônica, associação criminosa e lavagem de dinheiro (Lei nº 9.613/98).