Profissionalizar é o único caminho – 27/11/2025 – Esporte

por Assessoria de Imprensa


“A pressão é um privilégio.” Esta frase, frequentemente evocada por atletas de elite de diferentes esportes, sintetiza um princípio que adoto como guia no Palmeiras. A pressão não deve ser vista como um fardo, tampouco como um obstáculo intransponível. Ela é, acima de tudo, uma oportunidade para reafirmarmos as nossas convicções, filtrarmos o ruído externo e permanecermos leais ao caminho que escolhemos trilhar.

Minha trajetória no mercado financeiro me ensinou que resultados consistentes jamais se constroem sobre impulsos. A racionalidade é o alicerce das decisões que geram valor.

O segredo do êxito esportivo da nossa gestão reside justamente na capacidade de confiarmos no processo, mantendo o equilíbrio nos momentos favoráveis e, especialmente, nos desafiadores. Queremos vencer sempre –e trabalhamos incessantemente para isso–, mas sabemos que o futebol é um jogo imprevisível. A obrigação de um clube do tamanho do Palmeiras é estar permanentemente entre os protagonistas, disputando títulos e honrando a própria história.

Ao longo dos meus quatro anos como presidente do Palmeiras, atravessei períodos de oscilação da equipe, nos quais teria sido mais fácil ceder ao clamor das arquibancadas ou ao imediatismo das redes sociais. Se tivesse tomado decisões precipitadas, contudo, não creio que estivéssemos hoje em mais uma final de Conmebol Libertadores.

Lamentavelmente, razão e profissionalismo ainda são raridades no futebol brasileiro. A consequência desse amadorismo predominante está escancarada: clubes tradicionais financeiramente destruídos, que continuam gastando de maneira irresponsável, assumindo salários e contratações incompatíveis com sua realidade e potencializando um desequilíbrio competitivo que afeta toda a indústria.

É importante reconhecer o avanço representado pela iminente implementação do Fair Play Financeiro conduzida pela CBF. Trata-se de um passo relevante rumo à modernização. Precisamos, contudo, ir além: trabalhar pela padronização dos critérios da arbitragem, entre outras melhorias em favor da qualidade do espetáculo, e empregar no âmbito dos clubes as estratégias e soluções já adotadas no universo corporativo.

Neste sentido, o modelo SAF representa um avanço fundamental ao oferecer um ambiente de administração transparente e responsável. Ao permitir a continuidade de projetos bem-sucedidos, a SAF reduz a influência de ciclos eleitorais curtos e evita rupturas abruptas que comprometem o desempenho esportivo e financeiro das instituições. Além disso, ao vincular decisões estratégicas à responsabilidade patrimonial dos gestores, o modelo inibe arroubos e práticas temerárias, consolidando-se como um caminho para o crescimento sustentável.

Para que o futebol brasileiro se transforme, contudo, não basta combater o amadorismo estrutural. É indispensável superar, também, a cegueira provocada pelo clubismo. Não me refiro à paixão legítima do torcedor, nem à rivalidade sadia, mas ao egoísmo de dirigentes que agem como se seus clubes fossem maiores do que os demais, ignorando que, a longo prazo, esse comportamento predatório diminui o esporte como um todo. Somente com união e visão coletiva, o futebol brasileiro terá o futuro que merece.

Que possamos, juntos, transformar as dificuldades atuais em oportunidade para nos fortalecermos. Afinal, a pressão é um privilégio.

(O presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, também foi convidado a escrever um artigo, mas declinou)



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