A alta dos preços de café, soja, bovinos, suínos e milho levou o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) a acelerar em setembro. O IPA subiu 0,27% ante a 0,06% em agosto. André Braz, economista do FGV IBRE, lembra que o índice tende a antecipar os movimentos que veremos à frente no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que recuou 0,13% neste mês. Foram os preços ao produtor os principais responsáveis por levar o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) para a segunda alta seguida, após uma trajetória de cinco meses de queda. Em setembro, o índice subiu 0,21%, o que representa uma aceleração frente a agosto, quando foi de 0,16%. Em 12 meses, no entanto, o acumulado está em patamar bem abaixo do que apurado em setembro de 2024: 2,88% ante 4,25%.
O resultado do IPC no campo negativo em setembro é influenciado especialmente pelo grupo de alimentos, que profundou a curva de queda de 0,26% em agosto para 0,37%, serviços — como ingressos de cinema e passagens aéreas — e preços administrados, como a gasolina, explica Braz.
A questão é que o IPA foi puxado pelas commodities agrícolas. Entre os produtos em alta, o café é destaque, subiu 22,37%, frustrando a expectativa de nova queda como efeito do tarifaço. Em agosto, o recuo havia sido 10,40%.
- Café (em grão): Variação de -10,40% em agosto para 22,37% em setembro
- Soja (em grão): De 2,47% para 3,02%
- Bovinos: De -4,46% para 3,85%
- Milho (em grão): De -1,41% para 3,74%
- Suínos: De -3,44% para 7,16%
– Essas commodities acabam virando alimentos ou sustentam a cria de animais que a gente consome a carne como o caso da soja e do milho, então quando a gente verifica aumentos nessas matérias brutase já espera que cedo ou tarde o varejo registre algum movimento. A inflação do consumidor pode continuar negativa, porque a cesta de alimentação é maior do que esse grupo de produtos, mas pode ser uma queda menor ou até um número positivo já antecipando algum aumento que o consumidor vai perceber – explica Braz.
Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou alta de 0,42%, abaixo da taxa de 0,82% apurada em agosto. Todos os três grupos que compõem o indicador apresentaram desaceleração no período: o grupo Materiais e Equipamentos passou de 0,81% para 0,21%; o grupo Serviços desacelerou de 0,95% para 0,28%; e o grupo Mão de Obra recuou de 0,81% para 0,71%.