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Preço da gasolina no Brasil está abaixo da média mundial, aponta levantamento

Em ranking com 168 países, Brasil está na 124ª posição, segundo pesquisa da Global Petrol Prices

por Vinicius Bracht

O preço da gasolina no Brasil está abaixo da média global, segundo um levantamento da base de dados Global Petrol Prices. Enquanto o valor médio do litro da gasolina é de US$ 1,43 no mundo, o equivalente a R$ 7,86 na cotação desta quinta-feira (21), no Brasil, está em US$ 1,12, ou seja, R$ 6,16.

Segundo o levantamento, os países mais ricos têm preços mais altos, enquanto tanto os mais pobres quanto os produtores e exportadores de petróleo registram valores consideravelmente mais baixos.

Pierre Souza, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas, concorda com a afirmação da pesquisa e atribui o preço alto nos países desenvolvidos à alta carga tributária. Além disso, ele pondera que o preço do combustível varia de acordo com a política de cada governo.

“Temos particularidades em cada país. Por exemplo, alguns governos dão subsídios para o combustível ou podem ser grandes produtores de petróleo e decidirem não seguir os preços internacionais. Além disso, o grande fator que altera o preço é o tributo. Nós vimos aqui no Brasil como isso tem influência. A queda do ICMS fez cair em torno de 45 centavos o litro”, diz o economista.

No ranking com 168 países, da gasolina mais cara para a mais barata, o Brasil ocupa a 124ª posição. Ou seja, o país se aproxima das nações com combustível de menor preço.

O litro de gasolina mais caro do mundo é vendido em Hong Kong, cerca de U$ 3 ou R$ 16,5. Em seguida, vêm Islândia (U$ 2,49 ou R$ 13,69), Israel (U$ 2,41 ou R$ 13,25), Noruega (U$ 2,38 ou R$ 13,09) e Finlândia (U$ 2,34 ou R$ 12,87).

Na lista, 34 países registram o litro do combustível abaixo de US$ 1. Já a gasolina mais barata é a da Venezuela, vendida a US$ 0,02, o equivalente a R$ 0,11. Outros países com os menores preços da lista são a Líbia (US$ 0,3 ou R$ 0,16) e o Irã (US$ 0,05 ou R$ 0,27).

O economista Pierre Souza pondera que a percepção sobre o preço do combustível depende do poder aquisitivo da população do país.

“Vemos que, por exemplo, em Hong Kong, que tem um salário mínimo equivalente a US$ 3.750, você consegue comprar 1.250 litros por mês, mesmo sendo a mais cara do mundo. Já aqui no Brasil, mesmo estando em posição menor no ranking da gasolina, você compra apenas 196 litros por mês com o salário mínimo de R$ 1.212″, explica o economista.

Cenário do combustível no Brasil

No último balanço da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio da gasolina no Brasil, registrado na semana dos dias 10 a 16 de julho, foi de R$ 6,07 por litro. O valor teve uma queda de R$ 0,42 em relação ao boletim anterior.

Entre o final do mês de junho e o começo de julho, todos os 26 estados do país e o Distrito Federal reduziram o teto da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para 17% ou 18%. A lei que limita o tributo estadual para serviços essenciais, como os combustíveis, foi sancionada no dia 24 de julho pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nesta semana, a Petrobras ainda anunciou que o preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passou de R$ 4,06 para R$ 3,86, uma redução de R$ 0,20 por litro, uma queda de 4,93%. A medida começou a valer na última quarta-feira (20).

Segundo informações do Relatório de Produção e Vendas da Petrobras, divulgado nesta quinta (21), a comercialização de gasolina no primeiro semestre deste ano foi 6,5% maior que a do mesmo período em 2021.

O resultado foi o melhor para o período nos últimos quatro anos. O documento ainda apontou que o ganho de participação da gasolina sobre o etanol em veículos flex e o aumento de circulação de pessoas com a diminuição dos índices da Covid-19 contribuíram para os números positivos.

Para o economista Gilberto Braga, do Ibmec RJ, a posição dos países no ranking da Global Petrol Prices reflete a capacidade de cada um na produção de petróleo.

“Esse ranking reflete que os países produtores de petróleo têm preço menor do que os países totalmente dependentes de importações. O Brasil fica em uma posição intermediária justamente pelo fato de que é um país produtor, portanto tem necessidade proporcional menor de comprar petróleo no exterior”, afirma o economista.

“Ainda assim, o que chama atenção é que para a população o preço da gasolina é caro, em termos de poder aquisitivo. Mas se nós não tivéssemos a capacidade de extração que temos, sobretudo pelo pré-sal, teríamos um preço de combustível muito mais alto”, completa.

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