Em 2004, quando o monumento foi criado por concurso público retratando o Pantanal e o Casario do Porto, o discutido limite de Corumbá e Ladário era a BR-262, com o território da Pérola do Pantanal margeando a Estrada Parque (MS-228) até a encosta da morraria do Urucum, a Leste, e o Rio Paraguai. Hoje, com as revisões não homologadas, o polêmico pórtico estaria no município de Ladário.
O portal de entrada de Corumbá, construído em 2004 em área disputada com Ladário, será demolido após um acidente envolvendo uma carreta em outubro. A estrutura, que retrata o Pantanal e o Casario do Porto, está localizada em território que, segundo mapas atualizados do IBGE, pertence a Ladário. A prefeitura de Corumbá planeja construir um novo portal cerca de 300 metros adiante, na rotatória entre o bairro Ernesto Sassida e a subestação da Energisa. Uma enquete pública foi lançada para coletar sugestões da população sobre o novo local e projeto arquitetônico, com término previsto para 23 de outubro.
O acidente ocorrido com uma carreta em outubro — uma das caçambas chocou-se com a estrutura — reacendeu a disputa territorial que se prolonga desde a década de 1950, quando Ladário, então bairro de Corumbá, tornou-se município. Pelos mapas atualizados do IBGE e da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), Ladário ganhou território do vizinho, incluindo um terço do bairro Padre Ernesto Sassida, onde moram 1,2 mil pessoas.
Com um plano viário confuso, o portal de entrada era apenas de saída até 2023, quando ganhou uma nova rotatória e foi liberada a passagem sobre sua estrutura para os veículos que chegavam pela BR-262. Mas Ladário não tinha acesso ao contorno (limite) pela Rua Frei Liberato, um prolongamento da BR-359, que começa na beira do rio e mais adiante se interliga com a BR-262.
Outro local – O prefeito corumbaense, Gabriel Alves de Oliveira, está decidido a demolir a atual estrutura e construir um novo portal dentro do seu município, isto é, na rotatória existente entre o bairro Ernesto Sassida e a subestação de energia da Energisa, na Avenida Gaturama.
O prefeito ladarense, Munir Ramunieh, está disposto a ceder e autorizar a permanência do portal em seu município com um novo projeto que contemple o acesso da sua cidade à BR-262. “O Dnit já nos autorizou a refazer a rotatória que contemple as duas cidades”, informa Munir.
Mas como Corumbá vai justificar um investimento público na readequação do portal compartilhado com Ladário que, teoricamente, estaria no município vizinho? “Ali seria e não seria o limite, pois não há nenhuma lei redesenhando os territórios. Vamos construir um novo portal uns 300 metros do atual e acabar com essa discussão, resolvendo também um problema viário na entrada da nossa cidade”, adiantou Gabriel Oliveira.
Outra alternativa para Corumbá manter seu portal — que já faz parte da paisagem da cidade e simboliza o “bem-vindo” de um povo que sabe bem receber os visitantes — seria construí-lo no trevo do anel viário (BR-262) com a BR-359. Ali, o território de Ladário passa ao lado, margeando as rodovias federais em direção à MS-228.
Enquete – Para buscar uma solução que tenha o aval da população, a prefeitura de Corumbá lançou no dia 17 de outubro uma enquete por meio de ferramenta digital, no portal oficial do município, para ampliar a discussão. Os moradores podem propor sugestões, como o local do novo portal, e percepções sobre projetos arquitetônicos e paisagísticos. A pesquisa encerra-se no próximo dia 23.
“Percebemos, pelas redes sociais, um descontentamento geral da população em relação ao atual portal. Precisamos entender isso e a enquete vai nos dar esse termômetro”, explica Lauzie Xavier Salazar, diretora-presidente da Fundação de Desenvolvimento Urbano e Patrimônio Histórico. “Assim, podemos definir um projeto que contemple a todos e resolva questões viárias que hoje travam o acesso.”
