Informações reunidas pela Polícia Federal (PF) na tarde de segunda-feira sugerem que o dono do Master, Daniel Vorcaro, soube que estava na iminência de ser preso e preparou a fuga ao mesmo tempo em que anunciou a venda do banco para o grupo Fictor.
Vorcaro foi preso na noite de segunda-feira no aeroporto internacional de Guarulhos tentando embarcar em um jato particular para Malta.
Àquela altura, a PF já monitorava de perto a sua movimentação e já sabia que ele vinha tentando aprovar um plano de voo para o país europeu desde às 17h, em um pedido feito às pressas para o Serviço de Controle de Tráfego Aéreo. A quem perguntava, Vorcaro disse estar indo a Dubai para encontrar os investidores árabes interessados na compra do Master – o que não se comprovou pelo plano de voo.
A sua prisão e a de outros seis dirigentes, funcionários e ex-funcionários do Master tinha sido autorizada pela Justiça às 15h. Até então, não havia planos de voo em nome de Vorcaro e nem para seu jato executivo.
A suspeita, portanto, é de que o controlador do Master tenha ficado sabendo que poderia ser preso.
O anúncio da compra do Master pela Fictor foi enviado ao mercado e às redações às 17h24m da segunda-feira. De acordo com o aviso, o grupo Fictor compraria o Master por R$ 3 bilhões junto com um consórcio de investidores árabes.
Não foram informados, porém, nem as condições do negócio e nem quem eram os investidores árabes. De acordo com a assessoria do grupo Fictor, isso seria feito na sexta-feira.
Não houve tempo. Com a liquidação do banco, o negócio está automaticamente suspenso.
O consórcio liderado pela Fictor divulgou uma nota afirmando que tomou conhecimento da liquidação extrajudicial do Master pelo BC pela imprensa e que desde o início conduziu “todas as etapas (do negócio) com total transparência, responsabilidade e estrita observância aos ritos estabelecidos pelas normas legais”.
Leia abaixo a nota da Fictor:
O consórcio de investidores globais liderado pela Fictor Holding Financeira tomou conhecimento, pela imprensa, da decisão anunciada nesta terça-feira (18/11) referente à liquidação extrajudicial do Banco Master pelo Banco Central do Brasil, bem como das medidas adotadas pelas autoridades competentes em relação aos atuais controladores da instituição.
Como informado ontem, a operação envolvendo o Banco Master estava integralmente condicionada à análise e à aprovação prévia dos órgãos reguladores. Desde o início, conduzimos todas as etapas com total transparência, responsabilidade e estrita observância aos ritos estabelecidos pelas normas legais.
Reafirmamos nosso absoluto respeito ao Banco Central do Brasil e aos demais órgãos de supervisão e controle, assim como nosso compromisso com a integridade, a transparência e a estabilidade do sistema financeiro brasileiro.
A operação de compra está suspensa, e nos colocamos à disposição das autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos que julgarem necessários. Por se tratar de tema sob análise das autoridades, o consórcio não comentará o mérito das investigações.

