Petróleo acumula queda de 17,6% no ano; entenda os motivos

por Assessoria de Imprensa


O mercado internacional de petróleo atravessa uma fase de forte desvalorização, o que abre espaço para uma nova revisão nos preços dos combustíveis no Brasil, de acordo com levantamento da Datagro. O barril do Brent para dezembro de 2025 foi negociado nesta sexta-feira a US$ 61,32, o menor valor desde maio. Em um ano, a queda é de 17,6%.

A consultoria aponta os motivos para queda: estoques elevados para 2025 e 2026, redução do prêmio de risco no Oriente Médio e tensões comerciais crescentes entre China e Estados Unidos. O resultado é um enfraquecimento generalizado dos preços globais de petróleo. Na avaliação da Datagro, uma janela de oportunidade para a Petrobras rever o preço da gasolina.

Segundo as estimativas da Datagro, o preço médio do combustível nas refinarias da estatal está 14,2% acima da paridade de importação. Esse descompasso ocorre num momento em que a margem de refino ultrapassa US$ 15 por barril, nível historicamente associado a reduções de preços por parte da empresa.

Em 15 de outubro, o crack-spread (diferença entre o preço da gasolina e o custo do petróleo) na refinaria de Paulínia (SP) atingiu US$ 16,86 por barril, alta de 11,6% desde o início do mês. No último ajuste promovido pela Petrobras, em 3 de julho, essa margem estava em US$ 17,64.

Na avaliação da consultoria, uma das razões pelas quais a Petrobras ainda não mexeu no preço da gasolina pode estar relacionada ao aumento do ICMS, previsto para janeiro de 2026. A alíquota subirá R$ 0,10 por litro no caso da gasolina, chegando a R$ 1,57, e R$ 0,05 por litro no diesel, passando a R$ 1,17.

“A estatal já usou estratégia semelhante no início de 2023, quando reduziu os preços para compensar a reintrodução dos tributos federais (PIS, Cofins e Cide) e a adoção do ICMS fixo por litro. Em 2024, porém, diante de nova alta do imposto, a empresa optou por não revisar os valores, o que gera dúvidas sobre como reagirá em 2026”.

Para o economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, este cenário de oferta abundante e demanda moderada no mercado internacional de petróleo, com queda consistente nas cotações do barril, expõe a demora da Petrobras em ajustar seus preços internos como intempestiva e desalinhada às condições de mercado.

– A defasagem, que já supera 10% em relação ao exterior, segundo a Abicom, evidencia uma política de preços excessivamente cautelosa. Embora a redução da gasolina possa gerar efeitos colaterais sobre o consumo de etanol, um ajuste agora seria oportuno, não apenas para restabelecer a paridade de importação, mas também para criar espaço a uma postura mais flexível do Banco Central na condução da política monetária, diante de um ambiente inflacionário menos pressionado.

Segundo a Datagro, outro fator que reduz a necessidade de ajuste imediato é o baixo volume de importações de gasolina. Em setembro, o Brasil importou 157,4 milhões de litros, queda de 9,7% em relação ao mesmo mês de 2024, o menor volume para o período desde 2018. Os Estados Unidos seguem como principais fornecedores, com 84,6 milhões de litros (53,8% do total), seguidos por Países Baixos (28,1%) e Egito (12,9%).

De janeiro a setembro, as importações somaram 1,7 bilhão de litros, recuo de 16,2% ante 2024 e o menor volume desde 2011. Mesmo com a retração, a Rússia segue como principal origem no acumulado do ano, com 32,6% do total, à frente das Bahamas (22,4%) e dos Países Baixos (18,4%).



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