A Rede de Atenção a Pessoas Afetadas pela Violência de Estado (RAAVE) e o Projeto Mirante divulgaram uma nota de pesar pela morte de Alexsandro dos Santos, pai de Emily, uma das duas meninas mortas por um disparo de fuzil em 2020, no bairro Pantanal, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A filha e a sobrinha de Alexsandro, Rebecca, foram atingidas enquanto brincavam na porta de casa.
Na nota, as organizações afirmam que Alexsandro “partiu sem ver reconhecida a verdade que buscou incansavelmente”, lembrando que, quatro anos após o crime, ninguém foi responsabilizado pelos disparos que tiraram a vida das duas crianças.
“A violência que atinge um corpo não se encerra naquele instante. Uma bala atravessa vidas inteiras: fere pais, irmãos, amigos, vizinhos, comunidades, que passam a carregar a marca de uma ausência irreparável”, diz o texto.
A RAAVE e o Projeto Mirante destacaram que, desde a morte das meninas, Alexsandro enfrentava o luto, o adoecimento familiar e a busca por justiça. Segundo as entidades, sua trajetória simboliza a luta de muitas famílias atingidas pela violência de Estado, que seguem resistindo “apesar do silenciamento e da omissão institucional”.
“Seu corpo adoeceu, a esperança foi consumida pela morosidade e pela negação da Justiça. Alex tornou-se vítima indireta da mesma violência estatal que levou a vida de sua filha”, diz outro trecho.
O documento termina com um apelo às autoridades para que cumpram sua responsabilidade de proteger, investigar e reparar.
“Que sua partida seja também um chamado urgente. Nenhuma família pode continuar morrendo aos poucos pela ausência de justiça. Que Alex encontre descanso ao lado de sua menina”, conclui a nota.
Em 2020, Alexsandro ficou conhecido após imagens mostrarem o desespero do pai durante o enterro de Emily, quando passou mal e precisou ser amparado por familiares e amigos. O caso causou grande comoção e revolta à época, pela morte das duas crianças em circunstâncias trágicas.

