A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) deflagrou, nesta quinta-feira (13/11), operação para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados à quadrilha suspeita de fabricar e comercializar, ilegalmente, armas de fogo, munições e materiais bélicos produzidos de maneira artesanal — as chamadas armas “Frankenstein”. As ações são investigadas em ação conjunta entre a PCERJ e a Polícia Civil do Paraná.
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O governador Cláudio Castro (PL-RJ) declarou que “o Rio está combatendo com firmeza o crime organizado e tudo que o alimenta”. Segundo ele, a operação de hoje demonstra uma ação mais profunda que apenas a prisão de traficantes, mas a desarticulação de sua estrutura financeira.
A investigação que levou à investida policial é conduzida pela Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), que iniciou o trabalho de inteligência após analisarem dados extraídos de dispositivos eletrônicos que haviam sido apreendidos em outras fases da operação e submetidos à perícia digital.
O material periciado mostrou a existência de uma rede estruturada de fabricação e venda de armas — de uso permitido e restrito —, caracterizada por um fluxo intenso de comunicações, vídeos e registros de transações ilegais. Os agentes conseguiram identificar, ainda, relações diretas entre fabricantes, intermediários e compradores.
Em Curitiba, no Paraná, um ex-militar da Aeronáutica, de 51 anos, foi preso. Ao Correio, o delegado Rodrigo Brown, da Polícia Civil do estado, afirmou que, durante as investigações da Polícia do Rio, foi identificado que o oficial reformado negociava armas com traficantes daquele estado. Além disso, também enviava armamentos e ensinava a produzi-los.
Paraná
A Polícia Civil do Paraná apreendeu uma grande quantidade de armamento na residência de um suspeito, incluindo cerca de 80 armas de fogo. “Estamos ainda em processo de contagem de todo o material, muita munição, muitos insumos para fabricar novas munições, estojos vazios, pólvora e pontas”, informou o delegado.
Ainda segundo a investigação, o local contava com máquinas de recarga, indicando que o suspeito não apenas produzia munições, como também as distribuía para diferentes regiões do país. “Foi identificado que ele adquiriu fuzis, negociou com essas pessoas e enviou materiais para vários estados da Federação”, detalhou a investigação. A polícia informou que a proximidade da residência com o bairro Parolim reforça a suspeita de fornecimento de munições para quadrilhas locais envolvidas com tráfico de drogas.
O indivíduo possui registro de CAC, mas apenas para parte do armamento apreendido. Ele será autuado em flagrante por posse de armamento de uso permitido e de uso restrito. “O cidadão ficará à disposição da Justiça, enquanto a Polícia Civil do Paraná prossegue com as investigações para descobrir quem eram os clientes, para onde iam as armas e de onde vinham os materiais”, concluiu o policial.
Entre os produtos fabricados e comercializados estavam pistolas, fuzis, metralhadoras artesanais e munições montadas manualmente. Durante as diligências, os agentes localizaram pontos de produção e armazenamento do material, e nesses locais foram encontradas ferramentas, peças de reposição, insumos e equipamentos utilizados para a recarga de municiamento.
As mensagens interceptadas pela investigação e os registros financeiros mostraram que os lucros da quadrilha chegavam a 150%. O grupo utilizava transportadoras privadas para fazer o envio disfarçado dos itens produzidos, havendo instruções específicas para ocultar o conteúdo transportado e a identidade dos remetentes. Parte das armas produzidas ou adquiridas era distribuída a terceiros sem qualquer tipo de controle local ou registro armamentício.

