A mais recente pesquisa Datafolha revelou que 57% dos habitantes da capital fluminense e sua região metropolitana consideraram um êxito a intervenção policial de maior letalidade já registrada no Rio de Janeiro, que vitimou ao menos 121 pessoas na última terça-feira (28). Em contraste, 39% manifestaram opinião desfavorável. Com 113 presos e 118 armas apreendidas, a operação é considerada o maior baque na história do Comando Vermelho.
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A pesquisa foi realizada através de contatos telefônicos com 626 eleitores, nos dias 30 e 31 (quinta e sexta-feira). A margem de erro estimada para a amostra total é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos.
Detalhando a percepção de sucesso: 38% a julgaram totalmente bem-sucedida, com outros 18% a aprovando de modo parcial — os 57% são resultado de um arredondamento. Na contramão, 27% afirmaram discordar integralmente da avaliação positiva, e 12% discordaram em parte. Um contingente de 3% não expressou posição, e 2% não souberam o que responder.
As opiniões apresentaram uniformidade nos principais segmentos socioeconômicos do estudo, com algumas distinções notáveis: o apoio masculino à operação foi significativamente maior (68%) em comparação com o feminino (47%). Por outro lado, a reprovação foi mais enfática entre a classe média com renda de 5 a 10 salários mínimos (49% a condenaram) e entre os jovens de 16 a 24 anos (com 59% de condenação).
É importante ressaltar que, nesses subgrupos, a margem de erro é ligeiramente ampliada, alcançando 6 pontos para homens e mulheres, 7 para a classe média mencionada, e 11 para a faixa etária dos 16 aos 24 anos.
No dia seguinte à megaoperação, moradores levam corpos para praça do Complexo da Penha
Mais corpos foram retirados por moradores de mata na Penha
Residentes de comunidades de baixa renda manifestaram avaliações em linha com a média da cidade, e não se identificaram diferenças significativas entre áreas mais abastadas ou empobrecidas. .
Especificamente sobre a execução da operação, 48% dos cariocas e fluminenses consultados a consideraram bem realizada. Em contrapartida, 21% apontaram falhas na execução e 24% a reprovaram integralmente. Sete por cento declararam não ter conhecimento suficiente para opinar.
Neste quesito, a divergência mais proeminente em relação à média geral, mesmo considerando as margens de erro mais altas, se deu entre a população preta, na qual 43% avaliaram a intervenção como mal executada. A margem de erro neste grupo é de nove pontos.
Sobre as vítimas fatais, 50% dos ouvidos acreditam que a maior parte dos mortos que não eram agentes de segurança era composta por criminosos. Uma parcela de 31% declarou crer que todos os mortos civis eram delinquentes, enquanto somente 4% disseram que a minoria era inocente e 1% afirmou que todos eram inocentes. Treze por cento não souberam avaliar.
Dados do governo indicam que 78 dos 119 indivíduos considerados suspeitos possuíam antecedentes criminais.
A polarização política também se manifestou: 67% dos eleitores de Lula no Rio desaprovaram a ideia de que a ação foi um sucesso, enquanto 83% dos eleitores do ex-presidente concordaram com essa avaliação. No estado como um todo, o ex-presidente obteve 56,53% dos votos válidos, contra 43,47% de Lula.
O instituto de pesquisa também reapresentou a máxima “bandido bom é bandido morto”, obtendo uma divisão na resposta dos fluminenses: 51% concordaram com a assertiva e 46% demonstraram discordância.
Contudo, a aprovação à “mão pesada” do estado revela nuances. Para 73%, é impreciso afirmar que todos que perdem a vida em ações policiais são bandidos, ao passo que 23% sustentam essa crença.
Adicionalmente, 77% dos entrevistados salientaram que é mais relevante priorizar a investigação de delitos do que meramente eliminar os transgressores, postura defendida por 20%. Conforme informações oficiais do governo, apenas seis dos mortos na operação possuíam mandados de prisão em aberto.
A ação, realizada pelas polícias Civil e Militar, deixou 121 mortos confirmados, sendo quatro policiais e 115 suspeitos de envolvimento com o tráfico, segundo as corporações. Outros 113 presos e 10 adolescentes apreendidos também foram contabilizados, além da apreensão de 118 armas — entre elas 91 fuzis.
Considerada a mais letal da história do país, a Operação Contenção teve como alvo criminosos ligados ao Comando Vermelho (CV). Segundo o secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, o número de mortos ainda pode aumentar, já que os corpos são registrados conforme dão entrada no IML ou em unidades hospitalares.

