Para os candidatos à presidência da República, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi mais um debate de ataque e defesas de seus feitos. Mas para as candidatas sul-mato-grossenses, as senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União) foi um debate histórico. Elas se destacaram com propostas e demonstração do empoderamento feminino e relevância das mulheres na política.
O primeiro debate de presidenciáveis aconteceu na noite do domingo (28), promovido pelo UOL, Folha de S.Paulo, Band e TV Cultura. Além dos candidatos mencionados também participaram Ciro Gomes (PDT) e Felipe D’Ávila (Novo).
Para os analistas, Simone teria sido a campeã pois conseguiu atrair atenção dos eleitores indecisos, como uma opção para acabar com a polarização entre Bolsonaro e Lula.
“Ficou muito claro que qualquer um dos dois [Lula ou Bolsonaro] não vai trazer paz para o Brasil. Se um deles for eleito, nós arrastaremos nossos atuais problemas para o dia 31 de dezembro de 2026 […]. Ontem o eleitor viu que tem alternativas”, declarou a candidata.
Soraya se posicionou contra as palavras de Bolsonaro em que tirou sarro da jornalista Vera Magalhães que questionou sobre a vacinação durante a pandemia da Covid-19. “Acho que você dorme pensando em mim, você tem alguma paixão por mim”, disse o presidente.
Em resposta, Soraya fez analogia a novela Pantanal que se passa em Mato Grosso do Sul. “Lá no meu estado tem mulher que vira onça. Eu sou uma delas. Eu não aceito esse tipo de comportamento e xingamento”, falou Soraya, sobre uma das principais personagens, Juma Marruá, que vira onça.
“Eu sou muito tranquila. Só que, quando eu vejo o que aconteceu agora com a Vera [Magalhães], eu fico extremamente chateada. Quando homens são tchutchucas com outros homens, mas vem para cima da gente sendo tigrão, eu fico extremamente incomodada. Aí eu fico brava sim”, complementou a candidata do União Brasil.
Bolsonaro não poupou ataques ao seu principal adversário, o Lula. Bolsonaro abriu a rodada de perguntas questionando o petista sobre corrupção na Petrobras e afirmou que o recurso desviado da estatal representava 60 vezes a transposição do rio São Francisco.
A candidata Soraya também debateu com Lula sobre a economia do País e se referiu aos economistas ligados ao petista como “mofados”. Inclusive, ela foi a única a apresentar uma proposta econômica mais detalhada, ao sugerir o imposto único e isenção de Imposto de Renda para professor e para quem recebe até cinco salários mínimos.
Após Bolsonaro chamar Lula de ex-presidiário, o petista revidou ao afirmar que o atual presidente estaria escondendo informações dos brasileiros. “Estou aqui candidato para ganhar as eleições e, em um decreto só, vou apagar todos seus sigilos porque quero descobrir o que você tanto (esconde)…”, disse o petista.
Ciro Gomes não perdeu a oportunidade de “metralhar” Lula que tentou seu apoio em alguns momentos. Ele chegou a chamar o petista de “encantador de serpentes”. Lula chegou a ironizar Ciro ao dizer: “Eu espero que o Ciro, nessas eleições, não vá para Paris. Espero que o Ciro fique aqui no Brasil”. Na época, após ser “descartado” no segundo turno, Ciro viajou para Europa e não apoiou o então candidato do PT, Fernando Haddad contra o concorrente Bolsonaro.
Já D’Ávila se mostrou bastante nervoso durante o debate e sem a postura esperada de um candidato que pretende governar o Brasil durante os questionamentos, o que acabou evidenciando ainda mais as candidatas Simone e Soraya.
Apesar das duas não terem muita aceitação em Mato Grosso do Sul, as senadoras atraem os holofotes da política para o Estado e reafirmam a competência das mulheres na política. Além da importância de mulheres votarem em mulheres, que foi um dos principais enfoques destacado por Simone no debate.