A Netflix ampliou na última terça-feira (23) sua campanha de repressão ao compartilhamento de senhas para o Brasil e mais de 100 outros países, alertando os usuários de que suas contas não podem ser compartilhadas gratuitamente com pessoas de fora de suas residências.
A empresa de streaming de vídeo anunciou que está enviando e-mails para clientes em 103 países e territórios, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Austrália, Cingapura, México e Brasil. O movimento faz parte de uma longa estratégia planejada para limitar o compartilhamento de contas.
“Sua conta Netflix é para você e para as pessoas com quem você mora – sua família”, diz o e-mail, junto com opções de como compartilhar a conta.
Para compartilhar uma conta com alguém fora da família, o usuário pode transferir um perfil para uma nova assinatura paga ou adicionar um membro extra à conta por uma taxa mensal adicional de US$ 7,99. No Brasil, o valor será de R$ 12,90.
Anteriormente, a Netflix fechava os olhos para o compartilhamento de senhas, como uma estratégia para alimentar o crescimento da plataforma.
No entanto, no ano passado, o serviço anunciou que iria reprimir o compartilhamento de senhas por prejudicar seus resultados. Estima-se anteriormente que mais de 100 milhões de famílias em todo o mundo dividindo uma conta.
A empresa começou a restringir o compartilhamento de senhas em vários países no início deste ano, incluindo Canadá, Nova Zelândia, Portugal e Espanha.
A Netflix relatou recentemente um aumento líquido de 1,75 milhão de assinantes globais de streaming no primeiro trimestre, um aumento de quase 5% em relação ao mesmo período do ano anterior, mas abaixo dos mais de 3 milhões que os analistas de Wall Street esperavam.
A Netflix disse em uma teleconferência de resultados no mês passado que viu uma “reação de cancelamento em cada mercado quando anunciamos a notícia” sobre a opção de compartilhamento pago, mas depois vê “aumento de aquisição e receita”.
Repercussão nas redes sociais
A novidade não repercutiu bem entre os usuários da plataforma de . No Twitter, muitos internautas se revoltaram com a taxa adicional, sendo que o termo “R$ 12,90” ficou nos assuntos mais comentados da rede social na tarde desta terça-feira.
Entre os comentários, a maioria dos usuários criticam a nova medida, o catalogo atual de séries e filmes, e tentam promover boicotes a plataforma. “Netflix acha que tem moral e qualidade para cobrar R$12,90 por assinatura extra?”, escreveu um internauta.
Procon
O Procon-SP anunciou nesta quarta-feira (24) que notificou a Netflix pela nova política da empresa de cobrar um adicional de R$ 12,90 por mês de usuários que compartilham suas senhas da plataforma com outras pessoas fora de sua residência.
Em comunicado, o órgão explicou o que busca com a notificação, enviada depois de receber diversas reclamações de consumidores sobre a gigante do streaming:
- entender o que a Netflix está anunciando aos seus assinantes;
- se a empresa está adotando um novo critério de cobrança e como funcionará este novo sistema de acesso;
- outras informações relacionadas, para analisar possíveis infrações ao Código de Defesa do Consumidor.
Como funciona
A Netflix explica que o titular da conta pode adquirir um ponto extra por R$ 12,90 ou transferir o perfil da outra pessoa, que, por sua vez, terá que arcar com uma nova assinatura.
“A conta Netflix deve ser usada por uma única residência. Todas as pessoas que moram nesta mesma residência podem usar a Netflix onde quiserem, seja em casa, na rua, ou enquanto viajam”, explica a empresa.
Senhas compartilhadas
Em abril de 2022, a Netflix reportou uma perda de 200 mil assinantes entre janeiro e março daquele ano. Segundo a Bloomberg, em balanços trimestrais, foi a primeira vez que a gigante do streaming registrou resultado negativo nesse quesito desde 2011.
Na época, a Netflix destacou o aumento da competição no segmento e apontou que tem perdido oportunidades de elevar o número de pagantes por conta de senhas compartilhadas.
A empresa estima que 100 milhões de usuários desfrutam de senhas compartilhadas em todo o mundo.