Um menino de 10 anos perdeu a visão do olho direito após episódio de agressão na Escola Municipal Leonel Azevedo, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ). Em depoimento à TV Globo, a mãe da criança denunciou omissão da unidade escolar diante de casos de bullying recorrentes. O caso é investigado pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV).
Segundo a responsável, Lidia Loiola Cardoso, os casos começaram em 2023. Ela relata que o filho tem uma diferença nos olhos por conta de uma deficiência, o que era motivo de ataques pelos outros estudantes. “Eu fui até a direção, passei as informações, pedi ajuda, auxílio, e não houve uma resposta”, conta. “Eu me preocupava e vinha para a direção conversar, para a gente poder tentar entender e nunca tivemos resposta.”
A situação piorou há cerca de um ano, quando ela notou que o filho não queria mais frequentar a escola, em que já estudava há cinco anos. No fim de 2024, começaram os episódios de agressão física.
Foram pelo menos quatro casos, segunda a mãe, que conta que o garoto chegou a deslocar o nariz e fraturar o pé. Em um deles, a irmã do menino também teria sido agredida ao tentar defender o irmão.
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Em 18 de novembro, uma agressão grave provocou dano irreversível na visão do olho direito. O caso ocorreu durante uma aula de educação física, quando a criança foi agredida com chutes e pelo menos um soco no olho. Ele foi levado para o Hospital Municipal Evandro Freire, mesma unidade em que foi atendido quando fraturou o pé e o nariz, mas precisou ser encaminhado para o Hospital Souza Aguiar diante da gravidade do caso.
Para Lidia, o sentimento é de impunidade. “Aconteceu com o meu filho, mas pode acontecer com qualquer um”, conta. “Algo que prejudicou até mesmo o futuro dele. E eu tenho tentado combater esses sentimentos dentro de mim”. Além das sequelas físicas, o trauma para o garoto e a irmã, que tem medo de voltar para a escola.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (SME) afirmou que o aluno teve atendimento imediato e que a unidade escolar “acolheu o estudante e sua responsável desde o primeiro momento”. “A rede municipal desenvolve ações permanentes de prevenção à violência e ao bullying por meio do Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Unidades Escolares (NIAP), que atua com psicólogos, assistentes sociais e pedagogos”, diz o texto.
A pasta informou ainda que instaurou uma sindicância para apurar o caso e o aluno apontado como autor das agressões foi transferido para outra escola. Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima também infirmou que as diligências estão em andamento.
Procurada, a Escola Municipal Leonel Azevedo não se manifestou até a última atualização deste texto.

