A autorização do governo à Petrobras para a perfuração na Margem Equatorial em 20 de outubro aumentou as menções negativas à COP30 nas redes sociais. Um levantamento da Quaest analisou 105 mil citações ao evento de 15 a 21 de outubro: 31% foram negativas.
O número representa um aumento de três pontos percentuais em relação ao período anterior (de 8 a 14 de outubro), quando o instituto identificou 28% de menções negativas. O pico das menções negativas foi logo depois da autorização concedida pelo Ibama.
Já as menções positivas caíram de 26% para 22% no período. As postagens neutras mantiveram o patamar de 47%.
As fontes do levantamento foram blogs, as redes sociais X, Instagram, LinkedIn, Facebook, Bluesky, TikTok, Tumblr, YouTube, Reddit e fóruns online. A Quaest monitorou conteúdos em português, inglês, espanhol e francês.
Segundo o instituto, o monitoramento apontou que há uma tendência de menor entusiasmo e maior cobrança em torno do evento, especialmente depois da autorização para a exploração na Margem Equatorial, quando as menções à COP tiveram um pico no período analisado.
Durante o período, os eventos pré-COP30, como encontros internacionais, foram a principal pauta das menções, com 22%. No ranking, há também os preparativos finais para o evento (16%); a agenda ambiental interna, com temas como os vetos ao PL da Devastação (11%).
Há, ainda, os custos do evento — incluindo os preços de hospedagens — e a baixa adesão de outros países (10%); e a exploração de petróleo na Margem Equatorial (7%).
Incoerência
Para Marina Siqueira, diretora de Sustentabilidade da Quaest, o movimento demonstra uma tendência de maior cobrança da sociedade em torno da preservação ambiental diante de sinais trocados do governo.
“O monitoramento da Quaest demonstra que foi interrompida a tendência de crescimento do sentimento positivo em relação à COP30 que observamos nas últimas semanas”, disse Marina Siqueira, diretora de Sustentabilidade da Quaest.
“Ambientalistas, técnicos, acadêmicos e parte da sociedade proferiram severas críticas sobre as contradições entre os objetivos do evento e a agenda ambiental interna”, continuou.
Esta é a quarta rodada de cinco monitoramentos previstos para analisar as menções à COP30. Nos meses anteriores, os picos se na sequência de polêmicas envolvendo o evento, como o cancelamento da participação de países na cúpula por causa dos altos preços de hospedagens.
Disputas
O levantamento identificou ainda que durante o mês de outubro, o volume de menções à COP também foi maior às vésperas da votação dos vetos de Lula (PT) ao PL da Devastação pelo Congresso, que acabou sendo adiada diante da possibilidade da derrubada.
Desde o início das discussões, há impasses internos sobre o posicionamento do Ministério do Meio Ambiente, liderado por Marina Silva, sobre o assunto. Com pressões de Lula (PT), de diversos setores do governo e do Congresso, a ministra evitou entrar em conflito publicamente sobre o assunto.
Na última semana, veio a público dizer que a autorização para prospecção na Margem Equatorial não dá aval para a exploração de petróleo desde já e que a licença concedida pelo Ibama só foi concedida depois de uma série de melhorias no projeto enviado pela Petrobras.
“O Ibama deu uma licença técnica. Todo o trabalho feito pelos técnicos do Ibama foi com rigor, tanto é que essa licença foi sendo apreciada dentro do Ibama desde que era ainda de uma empresa privada e depois passou para a Petrobras”, disse Marina em 22 de outubro ao CanalGov.
Quanto ao PL da Devastação — que também foi assunto recorrente nas menções negativas à COP — a pasta foi enfática ao longo dos últimos meses ao alertar para o retrocesso ambiental que representou o texto.
Em julho, quando o projeto foi aprovado pelo Congresso, Marina disse que a nova legislação “fere de morte” o licenciamento ambiental.

