A caminho da Malásia, o secretário americano de Estado, Marco Rubio, confirmou que Donald Trump tem planos de se encontrar com o presidente Lula em Kuala Lumpur, em uma reunião bilateral, e indicou que o objetivo dos EUA é afastar o Brasil da China.
Também manifestou preocupação em relação a ações da Justiça brasileira contra big techs americanas, mas afirmou que os EUA estão dispostos a “superar” dificuldades com o Brasil. No entanto, indicou que o encontro de hoje pode terminar sem definições a respeito de um eventual alívio no tarifaço de 50% imposto a produtos brasileiros exportados para os EUA, objetivo de Lula.
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A reunião entre os dois presidentes é esperada para a tarde de hoje na Malásia, início da manhã no Brasil.
Em conversa com jornalistas no sábado no avião que o levava de Doha, no Catar, a Kuala Lumpur, na Malásia, transcrita pelo Departamento de Estado, Rubio demonstrou não se lembrar bem do local em que a reunião aconteceria, mas depois confirmou que a intenção de Trump é ter uma reunião com Lula na capital malaia, em paralelo à cúpula da Asean, grupo que reúne economias do Sudeste Asiático:
— Sim, é lá que eles vão se encontrar. Eles se verão.
Rubio mencionou decisões da Justiça brasileira contra big techs americanas como um dos problemas que provocaram rusgas entre os dois países, mas afirmou que Trump buscará na conversa com Lula uma forma de “superar tudo isso”. E não tocou na situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O auxiliar de Trump indicou que o plano do governo americano é convencer o Brasil a estabelecer com os EUA uma relação de parceria “preferencial” em vez da China. E destacou a relevância da economia brasileira ao ser perguntado sobre o objetivo do encontro de Trump com Lula:
— Veja bem, o Brasil é um país grande e importante. Achamos que, a longo prazo, é benéfico para o Brasil nos escolher como parceiro preferencial no comércio em vez da China, por motivos de geografia, cultura e alinhamento em muitos aspectos.
E continuou, referindo-se ao que o governo Trump avalia como cerceamento à livre expressão em redes sociais americanas pela Justiça brasileira:
— Obviamente, temos alguns problemas com o Brasil, particularmente em relação a como alguns de seus juízes têm tratado o setor digital dos Estados Unidos, afetando pessoas localizadas em nosso país por meio de postagens em redes sociais. Teremos que lidar com isso também. Isso acabou se misturando a toda essa questão. Mas o presidente vai explorar se há maneiras de superar tudo isso, porque acreditamos que seria benéfico. Vai levar algum tempo.
O secretário mencionou o rápido encontro de Lula e Trump nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, a conversa telefônica que os dois tiveram há duas semanas — que classificou como “muito positiva” e “produtiva” — e também a reunião com o chancelar brasileiro, Mauro Vieira, na semana passada, em Washington.
— Eles se encontraram brevemente na ONU. Tiveram uma ligação muito boa há cerca de duas semanas, uma conversa produtiva. Mas essas coisas… é uma economia muito, muito grande, então vai levar tempo para resolver algumas dessas questões comerciais — afirmou Rubio.

