Manifestação na Vila Cruzeiro cobra transparência na apuração da operação que deixou 121 mortos na Penha e Alemão

por Assessoria de Imprensa


Milhares de pessoas se reuniram na tarde desta sexta-feira no Campo do Ordem, na Vila Cruzeiro, Zona Norte do Rio, para protestar contra a Operação Contenção — ação policial que resultou em 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão. O ato, organizado por diversos movimentos sociais, contou com a presença de moradores, parlamentares e cariocas de diferentes regiões da cidade.

Segundo os organizadores, o objetivo da manifestação foi exigir uma apuração transparente sobre a megaoperação, além de expressar luto e prestar solidariedade às famílias afetadas pelos confrontos da última terça-feira.

— Já foi feito um pedido de acompanhamento externo do caso, com perícia independente, porque precisamos averiguar as suspeitas de execuções sumárias que ocorreram nessa operação. Foi uma ação equivocada. Seguimos cobrando do governo estadual e do governo federal, via ADPBF das Favelas, que haja controle externo dessa operação, que não vai trazer paz para ninguém no Rio — disse o deputado federal Tarcísio Motta.

'Fora Cláudio Castro. Chega de matança nas favelas" dizia um dos cartazes no gramado do Campo do Ordem — Foto: Léo Martins / Agência O Globo
‘Fora Cláudio Castro. Chega de matança nas favelas” dizia um dos cartazes no gramado do Campo do Ordem — Foto: Léo Martins / Agência O Globo

A concentração começou por volta das 13h e, logo no início, manifestantes entoaram gritos de ordem como “Fora Cláudio Castro” e “Queremos o fim da Polícia Militar”. Aos poucos, adultos, jovens e crianças chegaram ao campo, sozinhos ou em grupos, empunhando cartazes com frases de protesto e pedidos de justiça.

— É um ato importante para mostrar que, mesmo diante de tanta dor e indignação, não podemos esquecer que mais de 120 pessoas morreram, entre elas quatro policiais. Não dá para chamar isso de operação bem-sucedida, não podemos normalizar a ação mais letal da nossa história — afirmou a vereadora e ativista de direitos humanos Monica Benício.

Selmo levanta cartaz durante a concentração do ato desta sexta-feira — Foto: Léo Martins / Agência O Globo
Selmo levanta cartaz durante a concentração do ato desta sexta-feira — Foto: Léo Martins / Agência O Globo

Entre os participantes, também havia pessoas de outras partes da cidade. Selmo Bezerra, que trabalha próximo ao Complexo da Pedreira, contou que decidiu participar do ato por solidariedade:

— Não sou morador da Penha, mas o que aconteceu é revoltante. Isso podia ter sido na minha realidade — falou o manifestante.

Após quase duas horas de concentração, a multidão — que incluía motoristas de kombi e mototaxistas — seguiu pela Estrada José Rucas até o Largo da Penha, na esquina das avenidas Nossa Senhora da Penha e Brás de Pina. No local, o grupo chegou a interditar o trânsito por alguns minutos, acompanhado de perto por policiais militares.

Moto-taxistas interditam Avenida Brás de Pina durante manifestação contra megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão — Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
Moto-taxistas interditam Avenida Brás de Pina durante manifestação contra megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão — Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo

Por volta das 17h, sem registro de confrontos, os manifestantes começaram a se dispersar. Às 18h, o protesto já havia sido encerrado.



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