O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o próximo a ser entrevistado no Jornal Nacional. O petista estará nos estúdios da TV Globo nesta quinta-feira (25/8). A entrevista durará 40 minutos.
Dois outros presidenciáveis já passaram pela série de sabatinas do JN. O presidente Jair Bolsonaro (PL) abriu a rodada de entrevistas na segunda-feira (22/8) e Ciro Gomes (PDT) esteve na bancada do noticiário nessa terça-feira (23/8).
Confira três pontos sensíveis que podem ser abordados
O petista terá que responder a temas espinhosos que assombram a campanha, como os escândalos passados de corrupção e medidas impopulares defendidas pelo candidato.
Confira abaixo alguns pontos sensíveis para Lula na entrevista:
1. Corrupção
Após ter saído do governo, a imagem de Lula foi manchada por escândalos de corrupção que ocorreram enquanto o petista e a sucessora, Dilma Rousseff (PT), ocupavam o Planalto. O primeiro deles foi o “Mensalão”, deflagrado em 2005. Segundo delação do então deputado federal Roberto Jefferson, o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, destinava uma mesada de R$ 30 mil para parlamentares que apoiassem o governo.
Além do PT, membros de outros sete partidos estavam envolvidos, como o PMDB (agora MDB) e o PSDB. O segundo grande esquema foi o “Petrolão”, investigado pela Operação Lava-Jato, no qual funcionários da estatal cobravam propina de empreiteiras para fechar contratos superfaturados.
O próprio Lula foi condenado e preso durante 580 dias por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo então juiz Sergio Moro, no âmbito da Operação Lava-Jato, na ação penal envolvendo um tríplex no Guarujá. Porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) viu irregularidades nas decisões e considerou Moro parcial durante os julgamentos, anulando os processos.
O tema da corrupção é visto como sensível pela campanha do petista devido aos escândalos passados, e ele tem respondido aos questionamentos defendendo que os governos do PT foram os que mais investiram em mecanismos de combate à corrupção, e atacando os casos que apareceram no governo de Jair Bolsonaro (PL), como os pastores do Ministério da Educação.
2. Rejeição e Antipetismo
Apesar de liderar as pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente ainda é rejeitado por parcela considerável dos eleitores. Segundo pesquisa Ipespe divulgada em 25 de julho, 43% dos participantes disseram não votar em Lula “de jeito nenhum”, contra 58% que não votariam em Bolsonaro.
O sentimento de antipetismo foi um dos grandes fatores que contribuíram para a eleição do atual presidente em 2018, e continua sendo explorado pela campanha bolsonarista. A estratégia é bater na imagem de Lula ligando-a aos escândalos de corrupção e à defesa de pautas criticadas pelos eleitores mais conservadores, como o direito ao aborto. Também contribui o tom de “guerra do bem contra o mal” que Bolsonaro vem adotando, especialmente junto ao eleitorado evangélico.
Em ocasiões passadas, Lula já classificou o antipetismo como “bobagem” e classificou o sentimento como uma reação das elites às medidas sociais criadas pelos governos do PT.
3. Medidas impopulares
Embora foque a campanha no voto popular, Lula também tem que equilibrar o apoio de diversos setores econômicos ao redor do programa de governo petista. Algumas das medidas previstas, porém, são vistas com maus olhos.
A principal delas é a revogação do teto de gastos, instituído em 2017 durante o governo de Michel Temer (MDB). Em discursos, Lula chamou medida de “irresponsável” e que visa “garantir interesse do setor financeiro”. Especialistas, empresários e investidores, porém, consideram a medida importante para fomentar o investimento externo e controlar a dívida.
A revogação da reforma trabalhista, também de Temer, é outra medida que causa preocupação nos empresários. Em discursos, Lula fala que é preciso recuperar os direitos trabalhistas que foram perdidos após a mudança. Nos bastidores, porém, a campanha de Lula garante a representantes do empresariado que as medidas serão moderadas e que não deve revogar as principais medidas da reforma.
Na entrevista desta quinta-feira, Lula pode ser questionado sobre os diferentes tons que adota junto aos eleitores e setores econômicos, defendendo medidas mais radicais para os primeiros, mas garantindo estabilidade e moderação aos outros.