O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, se reuniu com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), em uma coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (29/10), para falar sobre a operação que resultou em cenas de caos e terror no Rio.
Castro afirma que o momento é de “grande oportunidade” para a integração das forças de segurança em ações contra o crime organizado, posição corroborada por Lewandowski. Durante a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, 119 pessoas foram mortas, incluindo quatro policiais.
O governador e o ministro aproveitaram a coletiva para anunciar a criação do Escritório Emergencial de Enfrentamento ao Crime Organizado, coordenado por representantes do governo federal e estadual. A medida seria um “embrião da PEC da segurança pública”, segundo o ministro.
“A ideia é que nossas ações sejam 100% integradas a partir de agora, inclusive para vencermos possíveis burocracias. Vamos integrar inteligências, respeitar as competências de cada órgão, mas pensando em derrubar barreiras para, de fato, fazer segurança pública”, declara Castro.
O escritório contará com a coordenação do secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, e do secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo.
Lewandowski reforça que o governo federal atuará junto ao Estado do Rio de Janeiro para combater o crime organizado. “Vivemos em um federalismo cooperativo desde a Constituição de 1989. Nós todos temos que cooperar, esquecendo eventuais diferenças político partidárias”, complementa.
Entre as demais medidas apresentadas pelo ministro, estão:
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Mais vagas em presídios federais de segurança máxima para transferir lideranças do crime;
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Envio de peritos criminais da Força Nacional e de outros estados para os locais dos confrontos de ontem;
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Aumento do efetivo da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal no Rio;
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Maior engajamento da Polícia Federal para o desenvolvimento de ações de inteligência;
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Cooperação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e da Receita Federal nas investigações.
“Durante a crise, já aumentamos o efetivo da Polícia Federal no entorno da capital em pelo menos 50 integrantes. Em breve, enviaremos outro número equivalente. Claro que temos um número relativamente pequeno para patrulhar todo o território, mas, nesta situação de emergência, vamos ampliar”, declara Lewandowski.
Avanços do governo federal
Durante a coletiva, Ricardo Lewandowski afirma que o Brasil tem batido recordes na apreensão de armas e drogas, e da descapitalização do crime organizado. “Estamos avançando bastante no setor operacional e nas iniciativas legislativas”, aponta.
Ele também declara que o governo federal enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei que aumenta as penas de receptação de carga, além de um projeto de lei “anti-facção”.
Ministro rejeita o termo ‘narcoterrorismo’
Lewandowski afirma que não há intenção do governo em adotar o termo “terrorismo” para a atuação das facções criminosas, como o Comando Vermelho. Segundo ele, ações terroristas apresentam um componente ideológico, o que não é o caso de grupos do crime organizado.
“São dois tipos de atuação que não se confundem. O governo federal não tem intenção de misturar esses conceitos, até porque isso dificultaria muito o combate a crimes que são claramente distintos em motivação e forma de atuação”, afirma.
GLO
Questionado sobre o uso da Garantia da Lei e da Ordem no Rio de Janeiro, Cláudio Castro afirma que a opção não foi sequer cogitada. O dispositivo excepcional e temporário coloca as Forças Armadas no papel de polícia ostensiva. A posição do governador foi seguida por Lewandowski, que afirma que o uso da GLO depende “das cirscustâncias e do governador” e que o governo federal não se manifesta “contra ou a favor” da possibilidade.
“Temos uma força de segurança estadual capacitada, um salário decente, infraestrutura e logística. Não preciso que o governo federal venha aqui fazer o meu trabalho”, declara Castro. Para ele, o governo federal e estadual devem agir de forma harmoniosa e integrada.
Resultado da operação
O governador do Rio voltou a considerar a operação, que deixou 119 mortos, um sucesso. “O Rio de Janeiro sozinho tem condições de vencer batalhas, mas não tem condições de vencer a guerra. Na batalha de ontem, as polícias saíram vitoriosas”, declara.
Castro também afirma que as vítimas do confronto foram os quatro policiais mortos durante a operação. “O resto eram criminosos”, diz. “Não era a intenção de ninguém, queremos ter prendido todos com vida”.

