Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, Lula e Donald Trump, tiveram hoje uma reunião histórica à margem da cúpula da Asean, bloco que reúne economias do Sudeste Asiático, na Malásia, do qual os dois participam como convidados.
O encontro durou cerca de 50 minutos em tom amigável, inclusive com o convite recíproco de visitas oficias a seus países.
- Tarifaço, Venezuela e sanções: entenda 5 pontos centrais do encontro entre Lula e Trump na Malásia
- Lula mira papel de mediador entre Trump e Maduro: diplomatas duvidam de espaço para o Brasil
O brasileiro falou em suspensão do tariafço de 50% imposto aos produtos brasileiros exportados para os EUA, e o americano indicou que pode fazer concessões com o aprofundamento das negociações entre os dois países. O encontro repercutiu na imprensa americana e também em veículos de outras nações.
O jornal The New York Times destacou que os dois chefes de Estado pareciam “agitados e ainda tinham poucas respostas” sobre as negociações comerciais entre os dois países depois de Trump sugerir que poderia baixar as tarifas que impôs ao Brasil. O texto se referia à conversa que tiveram com os jornalistas no início da reunião.
O mais influente jornal americano destacou que, ao ser perguntado se abordaria a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que havia mencionado como uma das razões do tarifaço, ele escapou da questão e devolveu ao repórter: “não é da sua conta”.
O jornal indicou que Lula buscou evitar prolongar a exposição dois dois diante das câmeras para focar na conversa em caráter privado: “Lula, que disse ter levado uma pauta detalhada, escrita em inglês, reclamou que estavam perdendo tempo respondendo a perguntas de jornalistas antes mesmo de a reunião começar. Trump reclamou que as perguntas eram ‘chatas’ de qualquer forma e concordou com o brasileiro enquanto a imprensa era dispensada.”
No também americano The Washington Post, o tom das reportagens foi marcado por ceticismo em relação à estratégia de confronto de Trump e reconhecimento da resiliência brasileira ao tarifaço. O jornal lembrou o passado de sindicalista e negociador de Lula para argumentar que o petista dificilmente recuaria diante das exigências do americano sobre temas internos do Brasil. E observou que o tarifaço favoreceu a popularidade de Lula no Brasil.
O encontro na Malásia foi retratado pelo jornal como uma tentativa de Trump de corrigir uma manobra “desajeitada” e malsucedida, mas foi cauteloso ao avaliar os resultados práticos da reunião. Para o Post, a melhora na relação dos dois países depende de gestos concretos dos EUA, como a suspensão das tarifas que, segundo o veículo, foram consideradas claramente um erro por Lula perante Trump, sem medo de desagradar.
Já o britânico The Guardian destacou que, após “meses de fricção”, Lula e Trump estabeleceram um diálogo surpreendentemente cordial. O jornal avaliou que o encontro na Malásia teve um tom construtivo, com gestos simbólicos positivos dos dois lados que entreabrem a porta para um relacionamento mais estável e “civilizado” entre Brasília e Washington.

