O influenciador e ativista pelos direitos das pessoas com deficiência Ivan Baron foi alvo de ataques nas redes sociais após se manifestar em apoio ao Decreto Presidencial nº 12.686/2025, que institui a Política Nacional de Educação Especial Inclusiva. Os ataques partiram de uma mulher, que foi identificada como Claudiane Ressling. A brasileira, que mora no Texas, Estados Unidos, se apresenta nas redes como “mãe atípica” e, em um vídeo publicado em seu perfil, ela faz menções diretas a Ivan, acusando-o, sem apresentar provas, de receber dinheiro do governo e o associando, de forma pejorativa, a uma suposta “patotinha da inclusão”.
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“Porque a patotinha da inclusão […] que subiu a rampa com aquele outro ladrão cachaceiro. Que recebe dinheiro do governo, é um desses da patotinha da inclusão. Porque não vive o dia da pessoa que tem filho com necessidade especial? Ou as mães levantam, ou vocês estão f*. Lamentável”, diz Claudiane no vídeo.
Ao Correio, Ivan afirmou que ficou sabendo do vídeo porque diversos de seus seguidores encaminharam os stories de Claudiane para ele. Em reação, o ativista publicou o vídeo dela e rebate as acusações. Ele afirmou que vem sendo alvo de “ataques e calúnias por parte de pessoas que sequer sabem o verdadeiro significado da educação inclusiva”. “Eu não recebo dinheiro do governo. Não faço parte de patotinha da inclusão e eu sei, sim, a importância de uma educação inclusiva de qualidade, pública e para todas as pessoas”, disse o influenciador.
O influenciador reafirmou seu posicionamento e disse que continuará defendendo a educação inclusiva como política pública fundamental: “Desde que fiz a postagem sobre o decreto presidencial número 12.686, que institui a política educacional especial e inclusiva, venho sendo vítima desse tipo de ataque e calúnia por parte de pessoas que sequer sabem o verdadeiro significado da educação inclusiva, do respeito, diálogo e construção de políticas públicas”.
Ivan Baron afirmou que está reunindo provas para levar o caso à Justiça. O Correio procurou Claudiane Ressling, mas, até o fechamento da matéria, ela não se pronunciou.
O que diz o decreto
Assinado em 20 de outubro de 2025, o Decreto nº 12.686 institui a Política Nacional de Educação Especial Inclusiva e cria a Rede Nacional de Educação Especial Inclusiva. O texto trata do direito à educação em um sistema inclusivo e define diretrizes para o Atendimento Educacional Especializado (AEE) integrado ao projeto político-pedagógico das escolas.
Entre os principais pontos estão a formação inicial e continuada de profissionais que atuem no AEE, a ampliação do acesso a materiais acessíveis e mecanismos de articulação entre União, estados e municípios para implementação e monitoramento das ações. O decreto também estabelece que a matrícula em serviços especializados não substitui a matrícula em classes regulares — ou seja, o AEE deve complementar, e não segregar, o processo educacional.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a medida busca organizar e dar base normativa às ações de inclusão que já vinham sendo aplicadas, criando uma estrutura de articulação nacional para qualificar a formação de professores, ampliar o acesso a recursos e melhorar o monitoramento das políticas voltadas à inclusão escolar.
Porém, o Decreto nº 12.686/2025 tem recebido críticas de parte de famílias e entidades ligadas à educação especial. Entre os principais questionamentos estão a preocupação de que o texto enfraqueça o papel das escolas e instituições especializadas no atendimento a alunos com deficiência e a falta de clareza sobre como será feita, na prática, a articulação entre o ensino regular e o Atendimento Educacional Especializado (AEE). Também destacam que a implementação das diretrizes depende de estrutura e capacitação adequadas, o que, segundo eles, ainda não é realidade em boa parte das redes de ensino do país.

