Incêndio em condomínio é o mais letal de Hong Kong desde 1957; número de mortos chega a 128

por Assessoria de Imprensa


O número de mortos no incêndio de grandes proporções que atingiu o conjunto residencial Wang Fuk Court, em Hong Kong, nos últimos dias, marca o evento como o mais letal na cidade chinesa em 68 anos. Até o momento, são pelo menos 128 mortos, 79 feridos e dezenas de desaparecidos.

Em coletiva de imprensa concedida na manhã desta sexta-feira, as autoridades enviaram condolências às famílias das vítimas. Dos 128 mortos, 89 ainda não foram identificados.

De acordo com os serviços de resgate e segurança, o incêndio é o mais grave registrado em décadas na região administrativa especial chinesa e o mais letal da história recente da cidade, superando o desastre em um cortiço em 1957 que deixou 59 mortos.

Após mais de 24 horas de trabalho de combate ao fogo, bombeiros continuavam trabalhando no local, enquanto moradores apreensivos esperavam por notícias de vizinhos e familiares, e avaliavam os prejuízos sofridos.

A polícia de Hong Kong prendeu dois diretores e um consultor da empreiteira responsável por obras nos prédios do complexo. O Corpo de Bombeiros controlou os últimos focos de incêndio em três das sete torres atingidas apenas nesta quinta-feira. Uma investigação foi aberta sobre o caso, mas autoridades acreditam que andaimes de bambu, de uso tradicional na construção civil no território, podem ter contribuído para espalhar as chamas.

O conjunto residencial de arranha-céus, com oito torres de 31 andares e cerca de 2 mil apartamentos, foi engolido pelo fogo na quarta-feira. Autoridades de segurança afirmaram que as chamas teriam se alastrado pelos andaimes de bambu, protegidos por redes de proteção de plástico, que envolviam os prédios em reforma. Fontes policiais afirmaram que trabalham com a hipótese de negligência dos responsáveis pela obra, acusando os três presos de homicídio culposo.

Incêndio de grandes proporções atinge conjunto residencial em Hong Kong

Incêndio de grandes proporções atinge conjunto residencial em Hong Kong

— Temos motivos para acreditar que os responsáveis ​​da empresa foram extremamente negligentes, o que levou a este acidente e fez com que o incêndio se alastrasse descontroladamente, resultando em inúmeras vítimas — disse a superintendente de polícia Eileen Chung.

Cerca de 4,6 mil pessoas viviam no condomínio residencial, com dados demográficos apontando que 40% teriam 65 anos ou mais. Em um pronunciamento à imprensa nesta quinta, o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, afirmou que 500 pessoas haviam sido alocadas em abrigos temporários montados em quadras, escolas e outros espaços improvisados, enquanto a administração local reservou mais de mil quartos em hotéis e albergues para receber os afetados.

Ainda de acordo com Lee, o plano de recuperação previsto pelo governo prevê a criação de um fundo de assistência de 300 milhões de dólares de Hong Kong (cerca de R$ 205,6 milhões), com cada morador recebendo o equivalente a 10 mil dólares de Hong Kong (R$ 6,85 mil).

— Estamos passando por uma dor coletiva — disse Lee na entrevista coletiva realizada na noite desta quinta (manhã em Brasília). — Neste momento de dificuldade, precisamos encarar isso com força e superar juntos esse momento difícil.

Incêndio em Hong Kong — Foto: AFP
Incêndio em Hong Kong — Foto: AFP

Moradores criticaram a resposta das autoridades após o início do incêndio, relatando que não ouviram alarmes sobre o avanço do fogo. Alguns relataram ter corrido de porta em porta para alertar os vizinhos sobre o perigo.

— Tocar a campainha, bater nas portas, alertar os vizinhos, dizer que deveriam sair… foi assim que aconteceu — disse um homem que se identificou como Suen.

O governo anunciou medidas nesta quinta-feira em resposta à crise. Na entrevista coletiva, Lee afirmou que se iniciou uma operação para inspecionar todos os conjuntos residenciais em reforma. Também disse que seria realizado um amplo debate sobre a substituição dos andaimes de bambu por outros materiais menos inflamáveis, uma vez que o material está sendo amplamente apontado como vilão pela velocidade com que o incêndio se espalhou.

O governo também suspendeu ao mínimo atos públicos, incluindo as campanhas eleitorais antes da votação do Conselho Legislativo, marcada para 7 de dezembro. O adiamento do pleito em si ainda vai ser avaliado.

Incêndio de grandes proporções atinge conjunto residencial em Hong Kong e deixa ao menos 4 mortos — Foto: Reprodução/X
Incêndio de grandes proporções atinge conjunto residencial em Hong Kong e deixa ao menos 4 mortos — Foto: Reprodução/X

Paralelamente, um órgão anticorrupção abriu investigação sobre o contrato de reparo no condomínio Wang Fuk Court, estimado em HK$ 330 milhões (aproximadamente R$ 226 milhões, na cotação atual).

O primeiro chamado ao Corpo de Bombeiros foi registrado às 14h51 (3h em Brasília) de quarta-feira. A classificação inicial de alarme nível 4 foi rapidamente elevada ao nível 5 — o mais alto da escala local. A resposta mobilizou mais de 760 bombeiros, 400 policiais, 128 viaturas e 57 ambulâncias.

Durante as primeiras horas da emergência, partes de andaimes carbonizados caíram dos blocos residenciais em chamas, e era possível observar os apartamentos tomados pelo fogo. Derek Armstrong Chan, vice-diretor de operações dos bombeiros, disse que a temperatura no local era “muito elevada”.

— Em alguns andares, não conseguimos chegar às pessoas que pediam ajuda, mas continuamos tentando — disse Chan.

A fumaça densa reduziu a visibilidade e sobrecarregou as linhas diretas de emergência. Moradores relataram pedidos de socorro vindos de telhados e corredores, incluindo idosos, bebês e animais que permaneceram presos por horas. Pedestres a até 100 metros das chamas disseram ter sentido o calor intenso.

O presidente chinês, Xi Jinping, expressou condolências às famílias e “pediu que se faça todo o possível para extinguir o incêndio e minimizar as vítimas e as perdas”, informou o canal estatal CCTV.

Com as buscas em andamento, o número de vítimas ainda pode aumentar. (Com AFP)





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