Identificação do corpo de pianista brasileiro traz misto de alívio e tristeza

por Leandro Ramos


A família do pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira Júnior afirmou, ontem, que recebeu a notícia “com surpresa, e um misto de alívio e tristeza”. O corpo do músico foi identificado oficialmente no sábado pela Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF), quase 50 anos depois do seu desaparecimento, em Buenos Aires. Ele foi morto por engano, ao ser confundido com um militante político, durante o período da ditadura militar argentina.

Em mensagem assinada por Elisa Andrea Tenório Cerqueira, Francisco Tenório Cerqueira Neto e Margarida Maria Tenório Cerqueira, os filhos reforçam que, apesar da identificação, ainda restam lacunas e questionam quem matou Tenório Jr. “Ainda queremos e precisamos de respostas. Quem matou Tenório? Por quê? Por que matar um homem sem nenhum envolvimento político, que só vivia para a música?”

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Eles afirmam que estão aliviados pela certeza do que ocorreu com o pai. “Alívio porque, finalmente, podemos saber com mais segurança o que aconteceu com ele naquele triste março de 1976. De alguma maneira, estaremos mais próximos. Tristeza pela confirmação de que Tenório foi vítima da violência e enterrado como um desconhecido, longe da família, dos amigos, dos parceiros de música”.

Seu corpo havia sido enterrado sem ser identificado, mas agora, com os resultados das análises, ficou comprovado que ele foi morto a tiros. Na nota, os filhos recordam a perda precoce do pai, “um pianista de apenas 35 anos, respeitado em seu meio, pai de cinco filhos, que foram privados de sua convivência”. A mensagem revela que a família manteve por anos a esperança de reencontrar o músico. “Durante muito tempo, mesmo sabendo que era improvável, alimentamos a esperança de revê-lo. De que um dia a porta da casa se abriria e ele entraria. O ‘Papú’, como o chamávamos”.

A nota presta homenagem à viúva Carmen, que faleceu em 2023, citando as dificuldades que ela enfrentou para criar os cinco filhos pequenos. “Nesta hora, lembramos principalmente da nossa mãe, Carmen, que cuidou de nós e nos protegeu de todas as formas que uma mãe poderia fazer. Que encarou dificuldades para nos criar, enfrentou tudo, chegou a ir à Argentina, prestou depoimentos às autoridades.”

Por fim, eles agradecem o trabalho da EAAF, responsável pela análise das impressões digitais que levou à confirmação da identidade. “Agradecemos ao EAAF por essa descoberta depois de quase meio século. É preciso que seja feita uma nova investigação. Em nome da memória que não pode se perder. Esperamos que, desta vez, as autoridades possam nos dizer o que aconteceu.”




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