Após um intenso período de obras públicas e privadas, Belém dá os últimos retoques para receber a 30ª Conferência das Partes (COP30), que vai de 10 a 21 de novembro. Entre obras nas vias, revitalização de pontos turísticos e criação de novos leitos, a capital paraense enfrentou desafios para comportar as quase 200 delegações que chegam para o evento.
O Hotel Vila Galé Collection Amazônia, localizado nas antigas instalações do Porto Futuro II, próximo à Estação das Docas, faz parte desse processo de renovação impulsionado pelo evento internacional. O empreendimento integra o projeto de revitalização dos pontos turísticos e representa uma das estratégias do governo para aumentar o número de locais de hospedagem.
A iniciativa partiu do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que convidou o grupo português para o desafio de construir um empreendimento em 11 meses. Além dos galpões concedidos ao Vila Galé, outros prédios públicos ganharam nova vida com as parcerias entre governo e redes de hotelarias. Em contrapartida, o estado do Pará recebe parte do faturamento da rede.
A inauguração do hotel ocorreu na última sexta-feira (31/10), com a presença do ministro da Casa Civil e dos ministros Jader Filho, das Cidades, e Celso Sabino, do Turismo. O governador Helder Barbalho também esteve na solenidade.
Durante discurso, Rui Costa agradeceu ao CEO do grupo, Jorge Rebelo de Almeida, e reforçou a iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em escolher Belém como sede da conferência. “Ele (Lula) é muito singular no olhar de dar oportunidades não só a pessoas, mas a estados, regiões e povos”, destacou. “E só estamos aqui por muita teimosia dele, pois nós tivemos muita resistência dentro e fora do Brasil, queriam tirar a COP de Belém.”
Para a construção, a equipe do Vila Galé enfrentou o desafio de reformar os galpões, que estavam fechados para uso como depósito, sem retirar as características históricas e singulares do prédio. “Aproveitamos a estrutura de ferro, ficou só o osso, essa estrutura de ferro foi toda decapada, tratada, ressoldada, ou seja, deu mais trabalho de fazer de novo”, relata o empresário Jorge Rebelo. “Mas recuperar o patrimônio histórico é o nosso dever, as cidades que não recuperam o seu centro histórico são cidades que ficam sem alma.”
Ao lado do hotel, aparelhos culturais e econômicos compõem a paisagem e representam novos atrativos para a cidade, como o Museu das Amazônias, o Centro Gastronômico, o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia e a Caixa Cultural.
O evento contou com grandes nomes do estado, como a cantora Dona Onete, com celebração aos ritmos paraenses. Na quarta-feira (30/10), o hotel inaugurou o teatro da Caixa Cultural, com apresentação da Orquestra Sinfônica Carlos Gomes e do cantor lírico português João Mendonza.
Durante a fala, Jorge Rebelo destacou a importância de ter a cultura e o turismo lado a lado. O empresário também exaltou as belezas da capital paraense. “Vale a pena dar uma volta pela cidade, têm praças lindas, muitas árvores, estamos cercados pela Amazônia”, pontuou. “A gastronomia também é muito farta, o Brasil tem muita comida boa por todo o lado, mas esta é muito original, muito diferente de tudo que há no mundo.”
Preocupação ambiental
Uma das principais preocupação na sede da COP30 são os impactos ambientais causados. Para o CEO da rede Vila Galé, o turismo é uma importante alternativa para gerar economia com o menor prejuízo ao meio ambiente. “As atividades extrativas criam problemas ambientais, assim como o turismo, se não for feito de uma forma equilibrada e ponderada”, ressalta. “Ainda assim, cria muito menos que qualquer indústria, e por isso vale a pena.”
Entre as políticas implementadas pela rede hoteleira, está a escolha de materiais mais sustentáveis na construção, além do uso de energias renováveis. Iniciativas como o uso de frascos recarregáveis de sabonete e shampoo auxiliam na diminuição do uso de plástico. Os responsáveis pelas unidades no Brasil também estudam formas de evitar o desperdício de alimentos após o bufê.
Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do grupo, entende que sustentabilidade ambiental e socioeconômica devem estar atreladas. “O que fazemos é fugir dos destinos turísticos mais consolidados e levar esse desenvolvimento sustentável a outras regiões”, explica.
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“Este hotel vai trabalhar com 100 a 150 pessoas, quase todas elas desta região, isso em várias vantagens”, comenta. “Não só é um objetivo nosso criar e deixar a riqueza na região, mas também entendemos que as pessoas quanto mais próximo viverem, mais próximos estiverem da unidade de trabalho, são pessoas que têm uma vida mais confortável e mais tranquila, porque os percursos diários de deslocação para as unidades hoteleiras são menores”, avalia.
O Vila Galé Collection Amazônia conta com 227 quartos, salas de eventos, restaurantes, piscinas ao ar livre e cobertas, espaço para crianças e spa. A unidade é a 13ª da rede no Brasil, que já está presente no Ceará, Alagoas, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia.
*A repórter viajou a convite do Hotel Vila Galé

