Governo Lula vê como positiva, mas insuficiente, redução de 10% sobre commodities anunciada por Trump

por Assessoria de Imprensa


Membros da equipe econômica do governo Lula veem como positiva, mas insuficiente, a decisão do presidente americano Donald Trump de suspender as tarifas sobre commodities agrícolas como café, carne bovina, banana e açaí. Técnicos afirmam que a tarifa será reduzida em 10 pontos percentuais aos produtos brasileiros, caindo de 50% para 40%.

A reversão, anunciada também nesta sexta pela Casa Branca, não é direcionada ao Brasil, mas beneficia itens importantes na pauta após meses de pressão do governo brasileiro e de produtores afetados pelo chamado tarifaço, que havia elevado em até 50% a taxação sobre itens de forte peso na pauta de exportações brasileiras aos Estados Unidos.

Trump emitiu uma ordem executiva reduzindo tarifas sobre carne bovina, tomates, café e bananas, em uma medida em meio à pressão inflacionária crescente sobre alimentos nos EUA — fator considerado por empresários brasileiros e por membros do governo Lula como o principal desencadeador da guinada de Trump.

Embora café e carne estejam entre os produtos mais relevantes embarcados pelo Brasil aos Estados Unidos, a Casa Branca anunciou a suspensão das tarifas para todos os países fornecedores, e não apenas para o Brasil.

As isenções são voltadas a commodities, que, segundo a Casa Branca, não podem ser produzidas em quantidade suficiente nos EUA para atender à demanda interna. Centenas de produtos alimentícios — incluindo cocos, nozes, abacates e abacaxis — foram listados pela administração para isenção tarifária. As reduções tarifárias já estão em vigor porque a medida tem efeito retroativo a partir de 13 de novembro.

O anúncio ocorre ainda um dia após o encontro do chanceler brasileiro Mauro Vieira com o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio. Vieira já havia dito que os americanos sinalizaram que dariam uma resposta “muito em breve” à primeira proposta brasileira de um acordo provisório, formalizada no início de novembro em uma reunião virtual de alto nível de integrantes do governo brasileiro e o representante comercial da Casa Branca, Jamieson Greer.

O relaxamento parcial do tarifaço não atende totalmente ao pleito do Brasil, que pleiteia uma suspensão temporária, até o fim das negociações entre os dois países, do tarifaço de 50% imposto por Trump sobre exportações brasileiras em agosto, além do fim de sanções diplomáticas a autoridades brasileiras e seus familiares.

Apesar disso, é uma medida relevante para setores que historicamente estão entre os que mais exportam para os Estados Unidos. O café, por exemplo, foi o terceiro principal produto exportado aos EUA em 2024, em valores, com US$ 1,89 bilhão. A carne bovina foi a nona categoria de produtos mais exportados, com US$ 885 milhões.

A medida anunciada pela Casa Branca nesta sexta vem na esteira de uma sequência de contatos entre Lula e Trump nos últimos meses, inclusive um encontro pessoal em Kuala Lumpur, durante a cúpula da ASEAN em outubro, quando Lula insistiu que as tarifas estavam afetando não apenas grandes grupos exportadores, mas também cadeias produtivas integradas entre o Brasil e os Estados Unidos.

Antes disso, ambos haviam mantido conversas telefônicas e trocado emissários — entre eles o chanceler Mauro Vieira e representantes do Departamento de Estado — para tentar destravar a escalada tarifária que marcou o início do novo mandato republicano.

A decisão também reflete a pressão interna sobre Trump, que vinha sendo cobrado por varejistas, frigoríficos americanos e importadores de café, entre os quais os representados pela National Coffee Association, que enfrentam aumento de custos e dificuldades de abastecimento desde o tarifaço.



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