Gin pantaneiro conquista prêmio máximo em Bruxelas; conheça a história

por Assessoria de Imprensa


Rótulo alia botânicos regionais, controle rígido e identidade sul-mato-grossense

Do Cerrado para o mundo: gin pantaneiro nasce na Capital e conquista Bruxelas
Breno Moraes, 28 anos, comanda a primeira destilaria de gin e vodka de Mato Grosso do Sul (Foto Juliano Almeida)

Na saída para Três Lagoas, no bairro Panorama, em Campo Grande, a Bunker Destilaria funciona como indústria por fora e laboratório por dentro. Entre tanques, mangueiras e um alambique reluzente, o empresário Breno Moraes, 28 anos, comanda a primeira destilaria de gin e vodka de Mato Grosso do Sul, e dali saem rótulos que já cruzaram oceanos.

A Bunker Destilaria, primeira fábrica de gin e vodka de Mato Grosso do Sul, conquistou reconhecimento internacional com o gin Caravela, premiado com medalha Grande Ouro no Concurso Mundial de Bruxelas 2024. Localizada em Campo Grande, a empresa é comandada pelo empresário Breno Moraes, de 28 anos. Com rigoroso controle de qualidade, a destilaria utiliza álcool neutro certificado e água filtrada por osmose reversa. O gin Caravela, que conta com 14 ingredientes, incluindo guavira, erva-mate, baru e pimenta-rosa da aroeira-do-cerrado, representa a identidade regional do Pantanal em sua composição.

O gin Caravela, produzido ali, foi premiado três anos seguidos no Concurso Mundial de Bruxelas e, em 2024, levou a medalha de Grande Ouro, o título máximo da competição, sendo considerado o melhor gin do evento. Um feito que coloca Campo Grande no mapa internacional dos destilados.

“Nosso sonho sempre foi ter uma marca daqui, 100% sul-mato-grossense, com identidade do nosso bioma, mas com padrão para competir com qualquer grande player”, resume Breno, sócio-administrador da Bunker.

Produção limpa em tempos de medo

Em meio ao receio recente provocado por casos de intoxicação por metanol em bebidas clandestinas, Breno faz questão de mostrar que, ali, o processo é o oposto do improviso.

A Bunker não fermenta grãos dentro da fábrica. O álcool neutro chega pronto, vindo de usinas certificadas de São Paulo.

“A gente já compra o álcool padrão alimentício. Ele vem a 96% de graduação alcoólica, em tanques, com certificado de análise e todos os parâmetros registrados”, explica.

Isso significa que toda a etapa biológica, moer grãos, fermentar e fazer a primeira destilação, ocorre em ambiente industrial de grande porte, fora da destilaria. Na Bunker, o trabalho começa com matéria-prima já classificada como própria para consumo humano.

A água usada nas receitas também passa por filtro de osmose reversa, que remove cloro e minerais para não interferir no sabor, no aroma nem na transparência da bebida.

“É para não trazer nenhum cheiro indesejado nem risco de contaminação. A ideia é um ambiente limpo, controlado, sem risco biológico”, explica.

Sobre o metanol, Breno fala sem rodeios: não existe bebida alcoólica sem nenhum traço da substância — o que existe é limite seguro.

“É besteira falar ‘minha bebida não tem metanol’. Tem, sim. Mas dentro do que a norma permite. O teto é 10. Nosso álcool chega com 1,8. Bem abaixo do limite”, detalha.

Mesmo assim, a destilaria descarta cabeça e cauda da destilação, justamente as frações mais sensíveis do processo.

“A gente joga muita coisa fora para chegar no melhor possível. É mais perda para nós e mais segurança para quem consome.”

Cada lote produzido passa por análise laboratorial própria. A indústria é registrada no Ministério da Agricultura, e todos os produtos também.

“Os restaurantes recebem, junto com a caixa, o certificado daquele lote específico. Se alguém questionar, o bar consegue mostrar: está tudo aqui, dentro da norma. Segurança para quem bebe e para quem vende.”

Do tanque ao copo: nasce um gin pantaneiro

O coração da fábrica é o alambique, onde a receita deixa de ser apenas mistura de água, álcool e botânicos para virar gin ou vodka Caravela e Swag.

A vodka é minimalista: água e álcool, nada além disso. Já o gin é outra história. No Caravela, são 14 ingredientes. Onze passam por infusão direta e cinco seguem em cestos suspensos, aromatizando o vapor durante a destilação.

O zimbro, exigido por lei, é a base. Ao redor dele, entra a assinatura sul-mato-grossense: casca de guavira desidratada, erva-mate, semente de baru em estado natural e pimenta-rosa da aroeira-do-cerrado.

“Esses quatro ingredientes dão identidade. É o sabor do Pantanal dentro da garrafa. A gente leva isso até no uniforme”, conta Breno.

Do Cerrado para o mundo: gin pantaneiro nasce na Capital e conquista Bruxelas
Assinatura sul-mato-grossense: casca de guavira desidratada, erva-mate, semente de baru em estado natural e pimenta-rosa da aroeira-do-cerrado. (Foto Juliano Almeida)

Os botânicos ficam 24 horas em infusão, liberando óleos e aromas. Depois, o líquido segue para o alambique. No caminho do vapor, um cesto com cascas frescas de limão siciliano e laranja bahia adiciona frescor à bebida.

Na saída, o destilado chega entre 73% e 76% de graduação alcoólica.

“O gin Caravela é envasado a 48% e a vodka a 40%. Antes disso, a gente reduz com água filtrada e deixa descansar sete dias. Nesse período, as moléculas se acomodam, o álcool fica mais macio, sem ardência, sem aquela ressaca agressiva.”

Antes de chegar à garrafa, o líquido ainda passa por filtro de partículas sólidas. As garrafas são higienizadas, secas, preenchidas por gravidade e inspecionadas uma a uma, contra a luz.

Caravela e Swag: dois caminhos, a mesma qualidade

Hoje, a Bunker trabalha com duas linhas principais: Caravela e Swag. Caravela é o rótulo premium, voltado à experiência. A garrafa é pintada, vidrada, serigrafada, com acabamento que pesa no custo, mas reforça o posicionamento. É o gin que venceu em Bruxelas e leva o Pantanal para a prateleira mais alta.

Já a linha Swag nasceu olhando para o balcão: gin e vodka neutros, com custo-benefício mais agressivo para bares e mixologistas. A garrafa é mais simples, mas o processo segue o mesmo rigor.

“Quando fomos competir com marcas grandes, pensamos: onde vamos diferenciar? Mantivemos o álcool de cereais, bidestilamos, melhoramos o que já era nobre e simplificamos só a roupagem”, explica.

Para bares que usam Caravela em volume, a Bunker criou ainda um refil profissional, equivalente a 6,6 garrafas, cerca de 28% mais barato, pensado exclusivamente para uso interno.

Além das garrafas de 750 ml, há versões de 200 ml e doses de 50 ml, muito usadas em kits corporativos, presentes e eventos.

Da feira ao festival, do bar ao evento

A presença em feiras e grandes eventos virou vitrine. Na Expogrande, a Bunker montou bar próprio e vendeu cerca de 7 mil drinks em dez dias, durante sete noites de show.

“Foram R$ 145 mil em drinks. Sete mil pessoas beberam, tiraram foto, levaram a marca. Não existe mídia que substitua isso.”

A empresa está no terceiro ano como apoiadora do Festival Bar em Bar, da Abrasel, e circula por eventos de carne, turismo, inverno e gastronomia em todo Mato Grosso do Sul.

Paralelamente, criou um braço próprio para eventos, com três frentes:

  • Shows, feiras e festivais, com operação completa e divisão de faturamento;
  • Festas particulares, para até 50 convidados;
  • Eventos corporativos, com venda de pacotes de fichas.

Para ocupar dias ociosos da fábrica, a destilaria também passou a produzir marcas terceiras, desenvolvendo receitas e rótulos exclusivos para empresas, influenciadores e parceiros.

Além da garrafa

O projeto da Bunker levou quase quatro anos entre ideia, maturação e chegada ao mercado. A inspiração veio de um dos sócios, gaúcho, que sonhava com uma vinícola. O capital, o tempo e o giro empurraram o plano para os destilados.

“Vinícola exige anos até dar retorno. Cachaça também precisa envelhecer. A destilaria tem giro rápido: de 15 a 20 dias da matéria-prima até a garrafa pronta.”

Hoje, com fábrica 100% sul-mato-grossense, produtos registrados, laudos por lote e um gin pantaneiro premiado, a Bunker vai além da bebida.

“Quando o cliente senta à mesa, ele quer segurança. O dono do bar também. Nosso trabalho é entregar os dois: bebida boa, bem feita e totalmente rastreável. A diferença é que aqui isso vem com sotaque de Campo Grande e sabor de Cerrado”, resume Breno.



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