Fotos do Acervo O GLOBO provam relação de amor com Rio e Salvador

por Assessoria de Imprensa


O astro jamaicano Jimmy Cliff, que morreu nesta segunda-feira, aos 81 anos, tinha uma relação antiga com Rio e Salvador. Desde a primeira visita do cantor à capital fluminense, em 1968, para participar do Festival Internacional da Canção (FIC), ele voltou ao Brasil diversas vezes. O artista gravou clipes nas praias cariocas e na capital baiana, fez turnê com Gilberto Gil e se apresentou em eventos de grande porte, como o Rock in Rio. Chegou a morar em Salvador e tem uma filha nascida por lá.

Quando Cliff se apresentou no Brasil pela primeira vez, no Festival da Canção, em 1968, ele tinha 24 anos e já fazia sucesso na Europa, mas era desconhecido por aqui. Cantando “Waterfall”, de paletó, ele disputou o prêmio do evento com outros 16 artistas de fora. Segundo a reportagem do GLOBO no dia seguinte, o jamaicano conquistou a plateia do Maracanãzinho. “Esguio, malabarista, saracoteia muito, mas sem exageros, tem boa voz e conseguiu que o público o acompanhasse com palmas”.

“O povo acompanhou meu gingar, meu jogo do cena, que é uma parte muito importante da minha apresentação, pois também sou dançarino”, disse ele, segundo a reportagem da época. “Me identifico muito com os cariocas, talvez pela alegria que trazemos, transformando-a em som. Por isso mesmo, pretendo ficar no Brasil, viajando, conhecendo gente, basta me convidarem, E tem mais, irei a todos os recantos desse país carnavalesco, até ao Amazonas, se me pagarem”.

Jimmy Cliff no Festival Internacional da Canção (FIC) em 1968, no Maracanãzinho, no Rio — Foto: Arquivo/Agência O GLOBO
Jimmy Cliff no Festival Internacional da Canção (FIC) em 1968, no Maracanãzinho, no Rio — Foto: Arquivo/Agência O GLOBO

Cliff gostou tanto do país que compôs “Wonderful world, beautiful people”, um de seus maiores hits. Ainda em 1968, lançou o LP “Jimmy Cliff in Brazil”, cujo encarte mostra o cantor na Enseada Botafogo, no Rio. O disco tem versões das músicas “Andança” e “Vesti Azul”. Foi amor à primeira visita.

Em 1980, Jimmy Cliff voltou ao país para uma turnê com shows ao lado do baiano Gilberto Gil em cinco capitais (Belo Horizonte, Salvador, Recife, Rio e São Paulo). No dia 22 de maio daquele ano, ele deu uma coletiva de imprensa ao lado de Gil durante uma festa em um bar na Lagoa. “Fizemos uma ligação espiritual há muito tempo, e agora estamos traduzindo em algo físico”, disse o jamaicano. Os dois também apresentaram um especial da TV Globo gravado no Teatro Fênix, no Rio.

Na passagem da dupla pelo Recife, um advogado entrou com uma ação acusando-os de apologia ao uso de maconha, baseando-se na canção “Legalize it” e no uso indiscriminado da droga pelo público durante o show deles. Um juiz mandou dar seguimento ao processo, mas o caso acabou arquivado.

Jimmy Cliff com Gilberto GIl na época da turnê, em 1980 — Foto: Jorge Marinho/Agência O GLOBO
Jimmy Cliff com Gilberto GIl na época da turnê, em 1980 — Foto: Jorge Marinho/Agência O GLOBO

Em fevereiro de 1984, o astro da Jamaica gravou um clipe no Rio, com direção de Tizuka Yamazaki e fotografia de Murilo Salles. “É muito bom trabalhar com brasileiros, uma experiência enriquecedora. Somos povos de um mesmo continente, podemos fazer as coisas por nós mesmos”, disse Cliff. De acordo com uma reportagem do GLOBO na época, o vídeo de “We are all one” foi gravado em três dias, em locais como a Praia de Grumari, o Cristo Redentor e o Campo do Santana, no Centro do Rio.

Segundo a reportagem, antes do primeiro dia de filmagens, Cliff chegou de um terreiro de candomblé às 4h30 de madrugada, mas meia hora depois estava com a equipe a caminho do set. No segundo dia, uma sexta-feira, depois de 12 horas de trabalho, ele foi para a quadra da escola de samba Portela, em Madureira. No sábado, acordou cedinho para continuar gravado e, de noite, fez um show em Nova Iguaçu. No dia seguinte, voou para Paris, mas garantindo que voltaria para o carnaval.

Jimmy Cliff gravando clipe na Praia de Grumai, no Rio, em 1984 — Foto: Jorge Marinho/Agência O GLOBO
Jimmy Cliff gravando clipe na Praia de Grumai, no Rio, em 1984 — Foto: Jorge Marinho/Agência O GLOBO

Ao longo dos anos 1980 e na década seguinte, o jamaicano se tornou um assíduo frequentador das nossas terras. Em janeiro de 1991, ele estava de férias em Salvador quando foi anunciado como a primeira atração internacional da segunda edição do Rock in Rio. Hospedado no Hotel Bahia Mar, Cliff foi pego de surpresa quando repórteres começaram a ligar pedindo comentários. “Eu não sei de nada”, disse ele, saindo para uma produtora, de onde pretendia ligar para sua gravadora e confirmar a notícia.

No dia 18 do mesmo mês, lá estava o astro do reggae no Maracanã, diante de um público de cerca de 40 mil pessoas, apresentando um show quase igual ao que tinha feito um mês antes no Canecão, com “Reggae Night” e “We are all the one” entre os principais hits do repertório.

Show de Jimmy Cliff no Rock in Rio em 1991 — Foto: Custódio Coimbra/Agência O GLOBO
Show de Jimmy Cliff no Rock in Rio em 1991 — Foto: Custódio Coimbra/Agência O GLOBO

Naquele ano, Cliff se apaixonou por Salvador. No dia 21 de maio, quando gravou o clipe da música “Samba reggae” no Pelourinho, cerca de 500 pessoas se reuniram para cantar e dançar com o artista, que já estava na capital baiana havia mais de seis meses. Àquela altura, ele tinha se tornado um rosto conhecido dos bares soteropolitanos e da Arena Fonte Nova, onde foi reconhecido em meio à torcida do Esporte Clube Bahia. O clipe também incluiu gravações na quadra do bloco Araketu.

Filha brasileira de Jimmy Cliff, a cantora e atriz Nabiyah Be é fruto dessa temporada em Salvador. O artista estava excursionando na Europa quando ela nasceu, em janeiro de 1992, mas voltou assim que pôde para ajudar nos cuidados com a bebê. Ela veio ao mundo de parto normal no apartamento da mãe, a psicóloga Sônia Gomes. Visivelmente feliz com a chegada da filha, Cliff se esquivava de falar muito sobre isso porque nunca gostou de compartilhar assuntos de sua vida pessoal.

A notícia sobre a sua paternidade só vazou para a imprensa porque o cantor foi visto registrando a filha em um cartório da Barra, em Salvador. Cliff estava vivendo na cidade desde novembro de 1990. “Estou sempre aqui por causa da música e do prazer de viver em Salvador. Me sinto à vontade”, disse.

Jimmy Cliff gravando clipe no Pelourinho, em Salvador, 1991 — Foto: Marcio Lima/Agência O GLOBO
Jimmy Cliff gravando clipe no Pelourinho, em Salvador, 1991 — Foto: Marcio Lima/Agência O GLOBO

Jimmy Cliff em noite de reggae no Rio Jazz Club, no Hotel Meridien, no Rio, em 1990 — Foto: Paulo Rubens Fonseca/Agência O GLOBO
Jimmy Cliff em noite de reggae no Rio Jazz Club, no Hotel Meridien, no Rio, em 1990 — Foto: Paulo Rubens Fonseca/Agência O GLOBO

Jimmy Cliff na quadra da escola de samba Grande Rio, em 1991 — Foto: Letícia Pereira/Agência O GLOBO
Jimmy Cliff na quadra da escola de samba Grande Rio, em 1991 — Foto: Letícia Pereira/Agência O GLOBO

Jimmy Cliff com a cineasta Tizuka Yamazaki, diretora do seu clipe gravado no Rio em 1985 — Foto: Jorge Marinho/Agência O GLOBO
Jimmy Cliff com a cineasta Tizuka Yamazaki, diretora do seu clipe gravado no Rio em 1985 — Foto: Jorge Marinho/Agência O GLOBO





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