A família de Bruno Paixão, de 36 anos, segue sem notícias do vendedor de queijo desde a manhã desta quarta-feira, quando ele teria sido baleado durante uma operação policial no Complexo da Maré, na Zona Norte, e colocado em um blindado, segundo relatos de moradores e parentes. Ao GLOBO, o irmão do desaparecido contou que conversou com ele pela última vez na noite anterior, em uma conversa sobre coisas triviais, e disse que a rotina do vendedor começava cedo, sempre saindo para atuar no comércio de queijos, atividade tradicional da família.
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Imagens que circulam nas redes sociais mostram a Kombi branca que Bruno usava para trabalhar com o para-brisa perfurado por diversos tiros. Em outro vídeo, enviado à família por moradores, o veículo aparece parado em uma das ruas da localidade conhecida como “Marrocos” na Vila do Pinheiro, próximo a um blindado policial. Ao lado do carro do vendedor de queijos, o corpo de um homem está estendido no chão. De acordo com relatos de moradores repassados à família, Bruno teria sido atingido por tiros por agentes policiais entre 10h e 11h e, logo depois, colocado dentro do blindado.
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Ao receber as informações, a família iniciou uma busca que se estendeu por delegacias e hospitais próximos. Eles passaram pela 21ª DP (Bonsucesso), pela Cidade da Polícia, pelo Hospital Getúlio Vargas, na Penha, e pelo Hospital Geral de Bonsucesso, mas não encontraram informações sobre o paradeiro do Bruno.
— Falam para gente que ele já deve estar morto, mas ninguém sabe. Morto ou não, nós só queremos encontrar ele. Quero o meu irmão — disse Lucas Paixão, irmão de Bruno.
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No fim da tarde desta quarta-feira, moradores e parentes protestaram na Linha Amarela, no sentido Barra da Tijuca, na Altura da Vila do João, pedindo respostas sobre o desaparecimento. Se confirmada a morte do vendedor, Bruno deixa esposa e três filhos.
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A deputada Dani Monteiro, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e da Cidadania da Alerj (CDDHC), afirmou que acompanha o caso e que os relatos indicam que Bruno estava trabalhando quando foi alvejado.
— A família relata que Bruno estava trabalhando na kombi que foi alvejada, ainda cheia de queijos e doces. Garantir dignidade e proteger vidas deve ser o ponto de partida de qualquer política de segurança. Seguiremos ao lado da família, cobrando rigor na apuração — afirmou a deputada.
Em nota, a Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada e já está investigando três mortes durante a operação. No entanto, não confirmam se Bruno está entre eles. Até o momento, a DHC trabalha na identificação dos corpos e na apuração dos fatos.
Perguntada sobre o caso, a Polícia Militar não se pronunciou até o momento.

