O Exército israelense disse neste sábado à noite (fim da tarde no horário de Brasília) que a Cruz Vermelha recebeu os corpos de dois reféns mantidos em Gaza como parte de um acordo de cessar-fogo com o grupo islamista palestino Hamas. A devolução ocorre após o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciar que a passagem de fronteira de Rafah, entre Gaza e Egito, só será reaberta após o Hamas entregar os corpos de todos os reféns falecidos que continuam no enclave palestino. Netanyahu também afirmou que a guerra em Gaza terminará assim que for concluída a segunda fase da trégua, que estabelece o desarmamento do grupo.
“De acordo com informações fornecidas pela Cruz Vermelha, dois caixões de reféns mortos foram transferidos para sua custódia e estão a caminho das forças das Forças Armadas de Israel e da a Agência de Segurança de Israel na Faixa de Gaza”, disseram os militares em um comunicado.
Mais cedo, o governo condicionou a reabertura da passagem fronteiriça de Rafah, no sul do território, ao cumprimento do acordo. “A reabertura será considerada com base em como o Hamas cumprirá suas obrigações de devolver os reféns e os corpos dos falecidos, e de aplicar os termos acordados no cessar-fogo”, dizia a nota.
As Brigadas Ezzedine al-Qassam, anunciaram em seguida no Telegram que entregariam neste sábado, às 16h de Brasília, “os corpos de dois prisioneiros israelenses cujos restos mortais foram encontrados hoje na Faixa de Gaza”.
Na manhã deste sábado, a Embaixada palestina no Cairo anunciou que a passagem de fronteira de Rafah seria reaberta na segunda-feira para permitir o retorno a Gaza dos palestinos que vivem no Egito.
As autoridades israelenses afirmaram na quinta-feira que, na reabertura da passagem, seria permitido apenas o trânsito de pessoas, não o transporte de ajuda humanitária.
O Exército israelense assumiu o controle do lado palestino da passagem de Rafah em 7 de maio do ano passado, alegando que as instalações estavam sendo “utilizadas com fins terroristas” e expressando fortes suspeitas de que também estavam sendo usadas para o contrabando de armas.
Após a tomada de controle, todo o acesso pela passagem de fronteira foi suspenso, incluindo a entrada de funcionários da ONU. A passagem foi reaberta brevemente durante o cessar-fogo entre Israel e Hamas que entrou em vigor em 19 de janeiro de 2025.
— A Fase B também envolve o desarmamento do Hamas, ou mais precisamente, a desmilitarização da Faixa de Gaza e, antes disso, o confisco das armas do Hamas — disse Netanyahu à emissora de TV israelense Canal 14. — Quando isso for alcançado com sucesso, espero que de maneira fácil, mas se não, de forma contundente, então a guerra terminará.
O Hamas devolveu os últimos 20 reféns que mantinha em cativeiro e começou a entregar os restos mortais de outros 28 vitimados pelo conflito. Na sexta-feira à noite, o grupo palestino entregou um corpo identificado por Israel como sendo de Eliyahu Margalit, de 75 anos, que morreu no ataque de outubro de 2023 que deu início à guerra em Gaza.
Por sua vez, Israel devolveu os corpos de 15 palestinos ao território, o que eleva para 135 o total de cadáveres repatriados no âmbito do acordo.
O diretor de operações humanitárias da ONU, Tom Fletcher, visitou neste sábado a Cidade de Gaza e constatou a monumental tarefa que terão as organizações de ajuda internacional para proporcionar serviços básicos e alimentos na Faixa de Gaza, devastada após dois anos de guerra. “Estive aqui há sete ou oito meses. A maioria dos edifícios ainda estava de pé. Mas agora é absolutamente espantoso observar como grande parte da cidade se transformou em um terreno baldio”, declarou Fletcher à AFP no bairro de Sheikh Raduan, no norte da cidade.
O funcionário da ONU, que entrou na sexta-feira no território, afirmou que o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) enfrentará uma “tarefa monumental”. “Mas devemos isso ao povo daqui, que passou por tantas coisas”, completou.