Um dos discursos mais apaixonados de Mauricio Pochettino como técnico da seleção masculina de futebol dos Estados Unidos aconteceu há algumas semanas e se baseava em um conceito simples: que cada jogo importa.
Sua filosofia, claro, era precisa, ainda que não totalmente original. Sua motivação era explicar que amistosos são tão importantes quanto partidas com algo concreto em jogo quando se está construindo um programa de treinamento.
No entanto, à medida que a poeira baixa sobre o sorteio da Copa do Mundo deste mês e a equipe dos Estados Unidos reflete sobre um grupo vencível, embora com perigos à espreita, também pode ser verdade que algumas partidas carregam mais importância do que outras —mesmo na fase inicial do torneio.
Para os americanos, tudo indica que o jogo mais crucial da campanha será o primeiro, contra o Paraguai, em Los Angeles, no dia 12 de junho.
“Estamos ansiosos por esse jogo há algum tempo”, disse o atacante americano Christian Pulisic, que também joga pelo Milan na Série A italiana, após o sorteio.
Com boas razões.
Primeiro, o Paraguai pode se revelar o adversário mais forte que a equipe de Pochettino enfrentará no Grupo D, com a 39ª posição no ranking da Fifa (Federação Internacional de Futebol) e vitórias sobre Argentina, Uruguai e Brasil nas Eliminatórias da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol). A Austrália também está no grupo, juntamente com o vencedor da repescagem da Uefa (União das Associações Europeias de Futebol), ainda a ser definido, entre Turquia, Romênia, Eslováquia e Kosovo.
Os paraguaios também terão um incentivo extra para manter a motivação em alta, após uma confusão no final da derrota por 2 a 1 em um amistoso contra os Estados Unidos, em novembro, nos arredores da Filadélfia, que foi descrita por Pochettino como “muito, muito perigosa”.
Pulisic disse que a identidade do primeiro adversário era menos importante do que o fato de que a estreia dos Estados Unidos na Copa do Mundo será uma das partidas mais aguardadas da história do futebol americano.
“Sim, não importa quem seja o adversário”, acrescentou Pulisic. “Quero dizer, primeiro jogo da Copa do Mundo, obviamente jogando em Los Angeles, estaremos prontos para essa partida.”
As campanhas em grandes torneios são imprevisíveis por natureza, mas para os Estados Unidos, desde o início da era moderna do futebol de seleções, existe um padrão que sugere que a partida de abertura de qualquer Copa do Mundo tem uma importância ainda maior.
Desde que retornou ao maior espetáculo do futebol em 1990, após quatro décadas de ausência, a seleção americana caiu antes da fase eliminatória sempre que perdeu o primeiro jogo da fase de grupos.
Por outro lado, sempre que não perdeu na estreia, avançou pelo menos até a primeira fase eliminatória.
“Conseguir três pontos logo de cara seria um começo incrível para nós e nos colocaria em uma ótima posição no grupo”, disse Pulisic.
Os Estados Unidos conquistaram duas vitórias na estreia, contra Portugal em uma grande zebra, em 2002, e contra Gana, em 2014, avançando como vice-líderes do grupo em ambas as ocasiões. Empates contra a Inglaterra, em 2010, e o País de Gales, em 2022, também garantiram a classificação para a próxima fase, sendo o primeiro como líder do grupo.
Com a expansão da Copa do Mundo para 48 seleções neste torneio nos Estados Unidos, Canadá e México, Pochettino certamente acredita que sua equipe tem boas chances de chegar à fase eliminatória e, sem dúvida, almeja objetivos maiores do que simplesmente passar da fase de grupos.
Ele estará ciente do desafio desde o início, e o técnico do Paraguai, Gustavo Alfaro —que também foi o técnico adversário na estreia de um país-sede da Copa do Mundo em 2022, quando levou o Equador à vitória por 2 a 0 sobre o Qatar— e seus jogadores estarão sedentos para reverter o resultado do mês passado.
“Os Estados Unidos são uma equipe muito intensa”, disse Alfaro na ocasião. “É uma equipe com uma capacidade física que exige intensidade, mobilidade e rotação. É preciso jogar com a mesma intensidade.”

