O escritório José Carlos Marques Sociedade de Advogados, onde Marcelo Andrade Mendonça foi morto a facada por um cliente na última sexta-feira (14/11), publicou, nesta terça-feira (18/11), detalhes sobre a relação entre o advogado morto e seu cliente. A vítima era ex-sócia do escritório, localizado em Viçosa, na Zona da Mata mineira, mas mantinha uma relação de parceria e amizade com a sociedade, por isso realizava atendimentos no local esporadicamente.
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“Segundo conseguimos apurar, tratava-se de um cliente que o procurou para tratar de um processo administrativo, já encerrado, relacionado a uma solicitação de autorização para construção em área próxima a curso d’água”, informou o escritório em nota publicada no Instagram. A sociedade de advogados afirma que o atendimento que Marcelo realizava quando foi atacado não tinha ligação com o escritório.
Na nota, consta ainda que o processo teria sido finalizado junto ao Executivo municipal e o cliente “buscava, naquele momento, algum tipo de documento ou despacho que, devido ao arquivamento dos autos, não estava de pronto disponível.” Diante disso, Marcelo teria sugerido que o cliente, suspeito do crime, fizesse a solicitação junto ao Executivo municipal.
“Infelizmente, essa resposta parece ter gerado reação violenta, desproporcional e criminosa por parte do agressor, culminando em um ato brutal que nos deixou em estado de choque, consternação e luto profundo”, constatou a nota.
A sociedade de advogados prestou agradecimentos aos médicos e testemunhas que contiveram o suspeito, colaboradores do edifício onde o escritório está localizado e outras autoridades envolvidas no caso.
O ataque
A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) foi acionada para atender a uma ocorrência de agressão com arma branca em Viçosa, na última sexta-feira (14/11). Ao chegarem ao local, os militares encontraram Marcelo Andrade Mendonça caído no chão e o suspeito já contido por testemunhas. A porta de vidro do estabelecimento estava quebrada.
Conforme relatos de funcionários que presenciaram o crime, o suspeito e a esposa tinham uma reunião marcada para às 16h com Marcelo. Em determinado momento, o homem se exaltou, acusando o advogado de “jogar para os dois lados”. Diante da tensão, a reunião foi encerrada, e ambos seguiram para a recepção, onde o suspeito desferiu um golpe de faca no peito da vítima. A esposa do agressor retirou a faca da mão do homem enquanto outra testemunha o imobilizou.
A vítima foi socorrida pelo Samu ao Hospital São Sebastião e, em seguida, transferida ao Complexo Hospitalar de Viçosa, onde foi diretamente para o bloco cirúrgico. A equipe médica constatou que o ventrículo cardíaco havia sido atingido, causando dano irreversível. Apesar das manobras realizadas, o paciente morreu poucos minutos depois da chegada.
Suspeito
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que o autor, identificado como Evandro Orecio da Cunha, de 53 anos, foi encaminhado para o sistema prisional, e segue à disposição da Justiça. Ainda, segundo o delegado responsável, “diligências foram realizadas nesta manhã, exames periciais foram solicitados e oitivas serão realizadas.” O caso segue em apuração pela 5ªDRPC de Viçosa.
A perícia esteve no local do crime e recolheu a faca usada na agressão. O suspeito permaneceu em silêncio durante a abordagem e recebeu voz de prisão em flagrante por homicídio consumado.
O advogado Dário José Soares Júnior, que agora defende Cunha, afirmou ao EM que não irá se manifestar sobre o caso, por enquanto. Ele afirmou que a vítima foi contratada pelo suspeito para uma demanda junto à prefeitura e houve um desacerto sobre a prestação do serviço.
A defesa informou que os envolvidos se reuniram para discutir o assunto e chegou um momento em que “os ânimos se exaltaram”. O advogado disse ainda que houve luta corporal e que o agressor deu um golpe de punhal na região torácica de Marcelo.

