em depoimento, vítima disse estar sendo perseguida por um dos réus

por Assessoria de Imprensa


Endividado após perder dinheiro em investimentos em criptomoedas, o advogado criminalista Luís Maurício Martins Gualda — que confessou ter participado de um furto “cinematografico” em fevereiro deste ano, num apart-hotel em Niterói — afirmou em depoimento prestado na 76º Delegacia (Centro) que decidiu participar do crime após o empresário Alexandre Ceotto prometer a divisão de US$ 1 milhão que estaria na casa de um amigo.

Em seu depoimento, ao qual O GLOBO-Niterói teve acesso, o advogado contou que a situação financeira dele começou a se deteriorar no fim de 2024. Afirmou ainda ter perdido quantias expressivas em investimentos malsucedidos, o que o deixou com uma dívida milionária e sem alternativas para quitar suas obrigações. Foi nesse contexto, segundo a confissão, que Ceotto teria sugerido o crime. O advogado relatou que, durante uma festa, em dezembro do ano passado, desabafou sobre as dificuldades financeiras, e o amigo lhe apresentou a ideia de furtar o apartamento da vítima, afirmando que o empresário guardava grandes quantias em espécie no local.

“Alexandre me disse que o dinheiro ficava escondido debaixo da televisão e que já tinha visto isso pessoalmente. Disse ainda que a vítima mantinha dólares em casa, com receio de declarar valores”, afirmou Gualda à polícia.

O caso, que chamou a atenção pelo nível de planejamento e pelo uso de uma máscara de silicone realista durante a invasão, terá a primeira audiência de julgamento em dezembro. Ceotto, apontado como mentor intelectual do crime, entregou-se à polícia no último dia 7 e desde então está preso em Benfica.

Segundo os relatos que constam nos autos, com base nas informações de Ceotto, os dois planejaram o crime por cerca de três meses. Em janeiro, foram juntos ao Hotel Orizzonte, no Gragoatá, onde estudaram as rotas de acesso e as câmeras de vigilância. De acordo com a investigação, por ter residido no local, Ceotto conhecia detalhes internos do prédio.

A invasão ocorreu na noite de 7 de fevereiro de 2025, quando Gualda, disfarçado com uma máscara de silicone hiper-realista e usando luvas, entrou no apartamento da vítima após arrombar a porta. Segundo o depoimento de Gualda, ele permaneceu cerca de 15 minutos no local, vasculhando cômodos em busca de dólares que acreditava estarem escondidos. Gualda chegou a ver um cofre, mas não teve sucesso na tentativa de abri-lo. Ele afirmou que não encontrou a quantia que esperava, e que em seguida ligou para Ceotto afirmando que o plano tinha dado errado. A vitima, porém, alegou também em depoimento que foram subtraídos relógios de luxo das marcas Tissot, Tag Heuer, Citizen, Nike e Diesel, avaliados em R$ 88.400, fato negado por Gualda.

Dias depois, o executor decidiu confessar espontaneamente o crime, alegando arrependimento e medo de Ceotto. Nos autos, ele afirmou ter sido pressionado pelo mentor a ficar em silêncio e relatou receio de que ele pudesse fazer mal à sua família, especialmente às filhas.

“Tenho medo de que Alexandre se vingue e faça algo contra meus familiares”, disse Gualda em seu interrogatório.

A vítima também relatou viver sob constante preocupação desde a descoberta do envolvimento do antigo amigo no crime. Em depoimento prestado em 8 de maio, o empresário afirmou que Ceotto estava insistindo em procurá-lo, inclusive aparecendo de surpresa em seu local de trabalho, no dia 6 de maio. Ele descreveu o réu como uma pessoa de temperamento agressivo, praticante de artes marciais e portador de arma de fogo, o que tem lhe causado medo e sensação de vulnerabilidade.

“Tenho medo do que o Ceotto possa fazer. Ele vem me procurando insistentemente, apareceu de surpresa no meu trabalho, e sei que é uma pessoa de temperamento violento, que anda armada. Minha preocupação é também com a minha esposa, porque ele tem acesso livre ao condomínio onde moro e poderia entrar a qualquer momento”, diz a vítima.

Imagens de câmeras de segurança anexadas ao processo confirmam a presença de Ceotto no local de trabalho da vítima no dia mencionado, às 13h33. Nos vídeos, ele aparece entrando pelo portão principal e se dirigindo à sala onde a vítima trabalhava, sem saber que o empresário estava fora da cidade naquele momento. Ao todo, a Polícia Civil ouviu 26 testemunhas sobre o caso.



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