Disputa de grupos paramilitares rivais e guerra com tráfico estão por trás invasão de milicianos a hospital no Rio

por Assessoria de Imprensa


Uma disputa entre milícias rivais pelo controle de negócios irregulares nos bairros de Santa Cruz e Paciência, na Zona Oeste, e uma tentativa de expansão do Comando Vermelho(CV), na mesma região, que contaria com a participação de ex-paramilitares, estariam por trás da invasão de milicianos ao Hospital Pedro II, ocorrida na madrugada desta quinta-feira. A Polícia Civil investiga a informação de que Lucas Fernandes de Souza, alvo da ação do grupo invasor, havia trocado recentemente a milícia pelo CV.

A vítima havia dado entrada no hospital na tarde de segunda-feira, após ser baleado por um integrante da milícia. Em 2019, ele foi preso  por crimes de organização criminosa e de extorsão cometidos contra comerciantes e moradores. Segundo investigação, Lucas era responsável pelo recolhimento de valores como parte de um esquema paramilitar que cobrava “taxas de segurança” e explorava atividades ilícitas na região. De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária, após cumprir parte de uma pena de 12 anos e dez meses, ele teve direito, no dia 20 de junho de 2022, ao benefício da liberdade condicional.

Policiais civis na porta do Hospital Pedro II, em Santa Cruz, após a invasão de bandidos armados nesta madrugada — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Policiais civis na porta do Hospital Pedro II, em Santa Cruz, após a invasão de bandidos armados nesta madrugada — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

 Atualmente, territórios de comunidades localizadas entre os bairros de Campo Grande e de Santa Cruz, como as favelas do Barbante e Vilar Carioca, têm sido disputados pelo CV e pela milícia de Paulo David Guimarães Ferraz da Silva, o Naval. Um dos bandidos envolvidos nos conflitos é o traficante Rodney Lima de Freitas, o RD. Ele seria um dos homens encarregados pela cúpula da facção para tentar a tomada de áreas da milícia na região.

Em nome do bandido há cinco mandados de prisão expedidos pela Justiça. Ele estaria usando a Vila Kennedy e  a comunidade do Catiri, ambas localizas em Bangu, como ponto de partida para realização de ataques em bairros com áreas controladas pela milícia.

Ainda em Santa Cruz, territórios do Conjunto João XXII, e a localidade conhecida como Jesuítas têm sido disputados por três grupos paramilitares diferentes. Um deles seria chefiado por Naval, outro por um miliciano conhecido como Boi, além de um terceiro que contaria com o poio de Gilson Ingrácio de Souza Junior, o Juninho Varão . Este último está com a prisão decretada e já controla os negócios da milícia em Seropédica e em bairros de Nova Iguaçu.

Até 2021, uma única milícia controlava a exploração de negócios na maior parte de Campo Grande e de Santa Cruz. Em junho do mesmo ano, Welington da Silva Braga, o Ecko, apontado na época como chefe do grupo paramilitar, morreu ao trocar tiros com policiais civis.   A partir daí, houve um racha   e o grupo acabou se fragmentando. Ecko chegou a ser substituído pelo irmão  Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, que se entregou à Polícia Federal em dezembro de 2023.

Atualmente, Paulo David Guimarães Ferraz da Silva,o Naval, comandaria os negócios da milícia na  Favela de Antares e na comunidade do Aço, ambas em Santa Cruz. Em outras regiões, ele disputa o controle de territórios com traficantes do CV e com milicianos rivais.

Após a invasão do Hospital Pedro II, Lucas Fernandes de Souza foi transferido para outra unidade hospitalar. 



Source link

Related Posts

Deixe um Comentário