Reunião ocorre em meio à tensão política entre caciques devido ao pedido de substituição no comando regional
Indicado pelo próprio Conselho do Povo Terena para a nomeação ao cargo há três anos, o coordenador regional da Funai em Campo Grande, Elvis Terena, reuniu-se com representantes do conselho da etnia que prestaram esclarecimentos e alinharam questões políticas.
O Conselho do Povo Terena se reuniu com o coordenador regional da Funai em Campo Grande, Elvis Terena, para discutir a solicitação de sua substituição no cargo. A reunião ocorreu após manifestações públicas de caciques e lideranças indígenas, que repudiaram a movimentação política para remover Elvis sem consulta prévia. O conselho propôs que ele assuma outro cargo federal, enquanto indicou Dioni Alcântara Batista para a coordenação regional. Durante o encontro, lideranças destacaram a importância do diálogo e da transparência nas decisões. Elvis foi elogiado por seu trabalho junto às comunidades indígenas, garantindo avanços em políticas públicas e projetos comunitários. O Conselho do Povo Terena reforçou a necessidade de alinhamento entre as lideranças estadual, regional e federal, defendendo a autonomia indígena e o respeito às instâncias locais de decisão.
A reunião ocorreu nesta quinta-feira (6), um dia após caciques se manifestarem publicamente em frente à Funai, repudiando a movimentação política que está retirando o atual coordenador regional da Funai do cargo.
Ao Campo Grande News, o coordenador do Conselho do Povo Terena, Valcélio Terena Figueredo, explicou que a reunião foi realizada para apresentar a Elvis os motivos políticos da solicitação de troca no comando regional da fundação.
“Temos interesse em trabalhar juntos; somos parceiros de Élvis, ele é nosso irmão. Nossa proposta é que ele ocupe outro cargo federal no Ministério dos Povos Indígenas e continue trabalhando por Mato Grosso do Sul”, declarou Valcélio.
O Conselho do Povo Terena encaminhou uma carta ao MPI (Ministério dos Povos Indígenas) e à presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Joênia Wapichana, solicitando a troca no comando regional da fundação em Campo Grande. Segundo o conteúdo do documento, ao qual o Campo Grande News teve acesso, a solicitação foi feita pelas “lideranças das aldeias da Terra Indígena Buriti, em atenção ao pedido feito por diversas lideranças indígenas de Mato Grosso do Sul”.
A carta também informa que a indicação do novo coordenador, Dioni Alcântara Batista, é assinada pelo Conselho Terena, “haja vista a Terra Indígena Buriti é uma das maiores populações indígenas aldeadas no Estado e, ademais, pelo fato de termos reconhecido protagonismo político no movimento indígena regional e nacional”.
Valcélio também acrescentou que o cargo na Coordenação Regional da Funai não é uma “cadeira cativa” e que renovações políticas podem ocorrer durante os anos. “O Conselho do Povo Terena entende que é necessário enxergar um horizonte futuro e precisamos que exista concordância entre as lideranças estadual, regional e federal”, concluiu.
De acordo com apuração da reportagem, todos os cargos políticos de coordenação da Funai, que são nomeados pelo Ministério dos Povos Indígenas, têm anuência para indicação de lideranças indígenas.
Manifesto de lideranças – Em uma demonstração de unidade política, cerca de 25 caciques, vereadores e lideranças indígenas dos povos Terena, Kadiwéu, Kinikinau e Atikum se reuniram nesta quarta-feira (5), na sede da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), em Campo Grande, para manifestar apoio à permanência de Elvis Terena na coordenação regional do órgão.
O encontro resultou em uma carta de repúdio. O ato reuniu representantes dos povos Terena, Kadiwéu, Kinikinau e Atikum, além de lideranças do contexto urbano ligadas à OTGD (Organização Todos do Povo Terena da Grande Dourados).
Durante a reunião, as lideranças manifestaram repúdio a solicitação de substituição de Elvis Terena na coordenação regional sem consulta prévia às comunidades.
Os participantes afirmaram não ter sido informados ou consultados sobre as movimentações e consideraram o episódio uma afronta ao princípio da autonomia indígena e ao respeito às instâncias locais de decisão.
Em discursos, Elvis Terena foi citado como uma liderança que tem mantido diálogo aberto com as comunidades e promoveu avanços na articulação de políticas públicas, apoio a projetos comunitários e fortalecimento da presença institucional da FUNAI nas aldeias.
