confira os bastidores do encontro de Lula e Trump na Malásia

por Assessoria de Imprensa


O suspense durou até o último minuto. Não estava claro como e quando seria o esperado primeiro encontro formal entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos. Ao longo do dia, diplomatas alertavam que ele poderia sequer acontecer, apesar de toda a expectativa.

Quando veio a confirmação e surgiu uma abertura à imprensa, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump já estavam sentados frente a frente numa sala do centro de convenções de Kuala Lumpur, capital da Malásia.

Foi a largada para uma correria de jornalistas americanos e brasileiros, tentando chegar a tempo de fazer um registro, qualquer um, do início do encontro. Quem chegou bateu de frente com a equipe do presidente Trump, que dava prioridade à entrada da imprensa americana.

Sem aceitar a discriminação, a assessoria do Planalto entrou em confronto com o time da Casa Branca. Houve princípio de tumulto, bate-boca e empurrões, até que todos entrassem na sala, onde Trump esperava com um sorriso ao lado de Lula. Ainda deu para ouvir que o presidente americano comentava sobre a beleza das mulheres brasileiras.

Nos nove minutos que se seguiram, Trump estava à vontade, respondendo a várias perguntas da imprensa brasileira, enquanto Lula parecia impaciente para começar logo a reunião a portas fechadas. O presidente americano ainda apontava para jornalistas quando Lula decidiu botar um fim na entrevista:

— Nós temos pouco tempo, daqui a pouco o tempo se perdeu porque nós ficamos conversando com vocês — queixou-se o presidente brasileiro, na prática encerrando a entrevista.

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Meio surpreso, Trump riu, olhou para Lula e elogiou a atitude, “gosto desse cara”, disse, aproveitando a deixa para zombar dos jornalistas, como é seu hábito, “não são boas perguntas, são perguntas chatas”, completou, antes que a imprensa fosse retirada da sala aos gritos por uma assessora da Casa Branca.

O que aconteceu em seguida foi “uma conversa descontraída, muito alegre até”, segundo o chanceler Mauro Vieira, que foi um dos três escudeiros de Lula no encontro. Além dele, estavam o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, e o diplomata Audo Faleiro, do time do assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim.

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A comitiva brasileira deu como missão cumprida o que queria: retomar o diálogo, esclarecer a posição brasileira e afastar o fator político que foi o estopim o tarifaço, com as críticas de Trump ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Resumindo, disse uma fonte do Planalto, o encontro foi considerado positivo por “abrir um espaço de escuta” no governo americano para o argumento brasileiro e por criar um “senso de urgência”, comprovado pela decisão de que as negociações fossem iniciadas no mesmo dia, ainda na Malásia.

— O que ficou muito claro é que firmou-se um compromisso político para que ocorra uma negociação, para que cheguemos a uma conclusão. Ficou muito clara a orientação do presidente Trump e do presidente Lula: sentem-se hoje e discutam para chegar a um consenso — disse Márcio Rosa.

No fim do dia veio o anti-clímax: em conversa por WhatsApp, Mauro Vieira e o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, acertaram deixar a reunião para a manhã desta segunda-feira, marcada para 8h (21h de domingo no horário de Brasília).

A meta no lado brasileiro é clara, obter a suspensão temporária do tarifaço durante a negociação. Mas a expectativa de que isso ocorra ainda na Malásia é baixa, seria uma surpresa para o Planalto. Resumindo, um negociador brasileiro prometeu: se isso ocorrer, o brinde com champanhe é por conta dele.



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