Como Mamdani conquistou o apoio dos taxistas de Nova York, base tradicional da direita

por Assessoria de Imprensa


Em tempos tão pouco delicados, revisitar um episódio em 2021 ajuda a compreender a decisão da maioria dos moradores de Nova York sobre por quem querem ser liderados. Há quatro anos, o repórter Noah Lanard, da revista Mother Jones, compreendeu estar diante de um personagem singular. Nesta terça-feira, o jornalista rememorou seu primeiro encontro com Zohran Mamdani, à época um desconhecido deputado estadual, recém-eleito, e às vésperas de completar 30 anos. O sujeito chamou sua atenção ao trocar o terno e a gravata por jeans e tênis, tão surrados quanto confortáveis, e, sem fanfarra, transferir seu gabinete para o parque que circunda a Prefeitura de Nova York, no extremo sul de Manhattan. Lá, iniciou uma greve de fome que, avisou, só terminaria quando os vereadores concordassem em aliviar a dívida dos taxistas, vítimas de um esquema ilegal de venda de permissões oficiais, necessárias para circular pela região metropolitana.

O motorista Richard Chow, então com 63 anos, não tinha a mais vaga ideia de quem era o jovem barbudo do Queens, mas gostou do que Mamdani falou no parque. Se juntou na hora ao protesto. Com diabetes, após poucos dias sem comida foi colocado em uma cadeira de rodas trazida por um nova-iorquino comovido com o que via. Três anos antes, o irmão de Chow, também taxista, às voltas com uma dívida de US$ 750 mil (pouco mais de R$ 4 milhões), cometera suicídio. Ao jornalista, Mamdani resumiu à época sua motivação, apontando para o companheiro de protesto: “A cara desta greve de fome não é a minha, mas a do Richard, que, assim como o irmão dele, destruiu seu corpo por Nova York, sentado diariamente no volante por até 16 horas. Devemos isso aos dois.”

Quinze dias depois, Mamdani, Chow e centenas de taxistas celebraram o resultado da ação extrema dos dois, com a aprovação de um acordo que reduziu em quase US$ 200 mil (R$ 1,08 milhões) a dívida dos motoristas de táxi da cidade. Imediatamente antes de voltar a se alimentar, Mamdani usou o megafone pela última vez naquelas duas semanas. As frases que proferiu estão na reportagem de 2021: “Este é apenas o começo da onda de solidariedade. Iremos lutar até não restar nada mais neste mundo que, juntos, não possamos transformar.”

Na última quinta-feira, Chow e os taxistas, tradicionalmente base da direita, fizeram questão de comparecer ao último ato da campanha do agora prefeito eleito de Nova York.



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