Nesta quinta-feira, na sede da CBF, no Rio, Arthur Elias fez a última chamada para vestir a camisa da seleção brasileira em 2025. O treinador anunciou a lista com as 24 jogadoras que participarão de nova turnê na Europa para enfrentar Noruega, na última semana de novembro, e Portugal, dias depois, em jogos amistosos.
A lista teve quatro novidades na temporada: as goleiras Thaís Lima e Lelê — a primeira, de 17 anos, teve sua primeira convocação na era Arthur Elias e a segunda, que foi titular na Copa do Mundo de 2023, passou por longo período de recuperação após lesionar o joelho, e agora tenta retomar a titularidade no Corinthians. Sua companheira de time, Gabi Zanotti, recebeu a primeira chance no ano, assim como a meia Brena, do Palmeiras.
Contra a Noruega, a disputa ocorrerá no dia 28 de novembro, às 15h (horário de Brasília) no Estádio Municipal de La Linea, em Marbella, na Espanha. No dia 2 de dezembro, às 16h45, a seleção encerra a temporada 2025 no Estádio Municipal de Aveiro, contra a anfitriã Portugal. Nos amistosos, a seleção quer ampliar a sequência de invencibilidade, que já dura oito jogos — desde a estreia na Copa América.
O treinador falou sobre os próximos adversários, ressaltando que o planejamento tem como foco a Copa do Mundo de 2027, em que o Brasil é o país-sede.
— São dois adversários fortes, que a gente não jogou ainda. É uma oportunidade de enfrentar duas seleções europeias novamente, nem sempre a gente tem um calendário para isso. Desde que assumi, foram 20 adversários diferentes, e vencemos todos que a gente enfrentou, só com a seleção americana temos uma desvantagem nos confrontos. E agora é importante é a gente estender esse leque até 2027 — avaliou Arthur Elias.
Os amistosos acontecerão cerca de um mês depois da última passagem das brasileiras pela Europa: em outubro, a seleção venceu a atual bicampeã da Euro, Inglaterra, por 2 a 1; e superou também a Itália, por 1 a 0, as duas partidas na casa das adversárias. No ano, o Brasil tem também uma vitória inédita sobre os Estados Unidos, além do nono título da Copa América, totalizando nove vitórias, dois empates e duas derrotas nos 13 compromissos até então.
Para chegar nesses resultados, Arthur Elias testou 47 jogadoras — e testará mais duas, nos próximos compromissos — ao longo da temporada, sem repetir escalações e aplicando diferentes variações táticas, tirando jogadoras de suas zonas de conforto ao mudá-las de posição. Ele avaliou 2025 como o melhor ano de trabalho e ressaltou as dificuldades de obter resultados com as muitas mudanças:
— O que a seleção brasileira já fez esse ano é algo muito difícil de fazer. Foi o melhor ano nosso em termos de grupo, com uma identidade mais forte, uma consistência maior no modelo de jogo. Fazer isso com tantas trocas de jogadoras e pouquíssimo tempo de trabalho é bastante desafiador. Então os resultados foram muito importantes, mostraram que a seleção mereceu vencer cada jogo. Foi um ano de bastante imposição com relação a adversários fortes. O trabalho tem esse método, e a palavra desse ano é consistência.
O treinador falou sobre a cultura de cobrança de resultados presente no futebol brasileiro e deixou claro que, nos clubes, essa noção acarreta decisões precipitadas. Para a seleção, no entanto, ele afirmou que não só se sente preparado para isso, mas também se alinha ao pensamento.
— Eu trabalho para vencer, estou de acordo com essa cultura. Em relação à seleção, me vejo totalmente pronto. A gente tem uma maneira de buscar a vitória que é a filosofia de trabalho, a nossa identidade, o ambiente que a gente cria, a confiança da das jogadoras, e o foco é nisso. Não vai ser de pressão que vai mudar a minha convicção — pontuou. — Se fosse pelo lado conservador do resultado, talvez a gente não tivesse esse processo tão rico. E o mérito principal é de cada jogadora. O que a gente faz é apoiar, dar referências e tomar as melhores decisões para que elas estejam bem preparadas para conseguir vencer esses adversários fortes.
Em relação à Marta, ausente nas duas últimas listas, Arthur Elias afirmou que é preciso dosar a convocação da Rainha. Além disso, ele optou por preservá-la para o clube, Orlando Pride, que disputa com o Gotham a semifinal da NWSL (primeira divisão dos EUA). E ainda brincou sobre o fato de que ela planeja o casamento com a ex-jogadora Carrie Lawrence, que conheceu quando atuava como zagueira em sua equipe, afirmando que ela aproveitará o final do ano para descansar e em 2026 estará de volta à seleção.
- Goleiras: Lorena (KC Current-EUA), Cláudia (Fluminense), Thaís (Benfica) e Lelê (Corinthians)
- Zagueiras: Tarciane (Lyon-FRA), Isa Haas (Cruzeiro), Thais Ferreira (Corinthians), Mariza (Corinthians) e Fê Palermo (Palmeiras)
- Laterais: Yasmim (Real Madrid-ESP), Isabela (PSG-FRA) e Bruninha (Gotham-EUA)
- Meias: Duda Sampaio (Corinthians), Angelina (Orlando Pride-EUA), Ary Borges (Racing Louisville), Brena (Palmeiras) e Yayá (PSG-FRA)
- Atacantes: Dudinha (San Diego-EUA), Bia Zaneratto (KC Current-EUA), Gabi Zanotti (Corinthians), Ludmilla (Chicago-EUA), Gabi Portilho (Gotham-EUA), Luany (Atlético de Madrid-ESP) e Tainá Maranhão (Palmeiras)
Sub-20 tem torneio amistoso
Além de Arthur Elias, a coordenadora de seleções feminina, Cris Gambaré, e a treinadora Camilla Orlando, da categoria sub-20, fizeram parte da mesa. A técnica selecionou os 23 nomes que disputarão um torneio amistoso triangular com Argentina e Portugal, no final do mês, em Buenos Aires.
— Nossa maior missão dentro deste projeto é de fazer o melhor trabalho para a modalidade — avaliou Cris, detalhando o processo de integração entre as categorias que já ocorre desde sua chegada, e posteriormente a de Arthur Elias, à seleção brasileira. — Me sinto muito satisfeita, é gratificante ver a sub-17, a sub-20 e a principal trabalhando com o mesmo processo, a mesma metodologia. Temos o mesmo objetivo: fazer com que o futebol feminino seja muito bem-visto, não só dentro da nossa casa, mas também fora do nosso país.
Camilla Orlando também falou sobre o processo de integração entre as seleções, com a ida de jogadoras da base para a equipe principal, mas ressaltou a busca por resultados: em setembro de 2026, a sub-20 disputará o Mundial, na Polônia.
— A gente buscar representar a seleção brasileira sub-20 a nível mundial. Temos um caminho grande para alcançar e precisamos seguir as referências das campanhas de sucesso. Precisamos pensar sempre nos dois lados: em dar oportunidade para as atletas jogarem em uma seleção de altíssimo nível e trabalhar com excelentes profissionais. E também terem a oportunidade de buscar um título, que é o que a gente quer — opinou.

