A bandeira da Colômbia na entrada do “Tô Chegando”, no Bairro Piratininga, não é mera decoração. É a marca da história de recomeço de Dani Favian Salazar, de 33 anos, colombiano que encontrou em Campo Grande o lugar para reconstruir a vida com a filha pequena e, de quebra, levar um pedaço da cultura do seu país para dentro de um bar de bairro.
O colombiano Dani Favian Salazar, de 33 anos, encontrou em Campo Grande um novo recomeço ao transformar um simples bar de bairro em um estabelecimento familiar próspero. Originário de Cúcuta, cidade fronteiriça com a Venezuela, ele chegou ao Brasil em 2019 em busca de melhores oportunidades para sua filha pequena.Inicialmente trabalhando como entregador, Dani assumiu a administração do bar “Tô Chegando”, no Bairro Piratininga. Ao lado de sua atual esposa, Lígia Martinez, expandiu o negócio, incluindo serviço de almoço e diversificando o cardápio com porções variadas. A bandeira colombiana na entrada do estabelecimento simboliza suas raízes, embora considere o Brasil seu novo lar.
Nascido em Cúcuta, cidade ao norte de Santander, na fronteira com a Venezuela, Dani cresceu dividido entre os dois países. “Sempre vivia na fronteira, compartilhando as duas culturas”, conta.
Criado apenas pela mãe, viu a família enfrentar anos difíceis entre crise econômica, falta de segurança e oportunidades escassas. Foi quando decidiu que a filha, então com apenas 2 anos, merecia outro destino.
“Eu pesquisei e vi que aqui quem estuda tem chance, tem futuro. Lá não vale nada. Eu já tenho 33 anos, mas quero que minha filha estude, que tenha mais oportunidade do que eu tive”, comenta.
Em dezembro de 2019, o colombiano desembarcou direto em Campo Grande após ouvir do primo que a cidade lembrava muito a terra natal. Por aqui, ele começou como entregador, conheceu gente, aprendeu português na marra e, aos poucos, entendeu que havia espaço para tentar algo próprio.
“Desde que cheguei, fui muito bem acolhido. Me senti em casa, mesmo sendo pai solteiro, só eu e minha filha. Sou muito grato ao Brasil”, relata.
Antes de ser “o bar do colombiano”, o ‘Tô Chegando’ era apenas um boteco simples, cheio de pinga e sinuca. Dani pegou a administração de um conhecido paraguaio que já não via mais futuro no negócio. “No começo era difícil, mas eu fui seguindo. Me agarrei a essa oportunidade porque sabia que não podia ficar escolhendo ”, lembra.
O ponto de virada veio quando conheceu a companheira Lígia Martinez, 32 anos, que era cozinheira de um restaurante próximo. Ela se uniu a Dani e enxergou ainda mais potencial no espaço.
“Ele vendia dose, tinha duas mesas de sinuca e quem vinha aqui eram mais aqueles “bebinhos” mesmo. Hoje não. A gente tem porção, espetinho completo, suco, refrigerante, almoço. Vem outro tipo de público também”, conta ela.
A parceria virou casamento e empresa familiar. O lugar ganhou cozinha própria, mesas novas e, mais recentemente, almoço diário. “Tinha dia que vinham cinco pessoas. Depois dez. Aí fomos aumentando, compramos um buffet e o negócio foi crescendo, detalha Dani.
Mesmo com a vida reorganizada, casamento, rotina cheia e bar funcionando das 10h às 23h, Dani nunca deixou de lembrar de onde veio. A bandeira azul, amarela e vermelha está ali por isso, para manter vivas suas origens.
“Esse é o País onde me deu a vida. Os princípios que meus pais me ensinaram”, destaca. São cinco anos sem voltar para Cúcuta, mas ele sonha com o dia em que poderá rever a mãe e o irmão. “Um dia eu vou lá, trazer minha família. Mas aqui o Brasil é lindo demais”, afirma.
Enquanto isso, o “Tô Chegando” segue crescendo e virando referência no bairro. Além de sinuca, música e cerveja gelada, o local tem porções de costelinha de pacu, tilápia, calabresa, batata frita e isca de carne acebolada. O almoço é servido todos os dias com prato feito e self-service.
O Bar do Cololbiano fica na Rua Estevão Alves Ribeiro, 679, no Bairro Piratininga.
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