A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), realizou, nesta quarta-feira (8/10), em Brasília, a cerimônia de retomada do Prêmio Finep de Inovação, ou também conhecido como “Oscar da Inovação”, considerado o mais tradicional reconhecimento nacional dedicado a iniciativas transformadoras em setores estratégicos da economia. Após uma década sem edições, o prêmio voltou com novo formato e anunciou os vencedores da etapa Centro-Oeste, que agora disputarão a final nacional em dezembro, no Palácio do Planalto.
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Criado em 1998, o prêmio ganhou projeção a partir de 2003, quando passou a integrar a agenda presidencial e chegou a ser entregue pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos dois primeiros mandatos. Com a retomada em 2025, a iniciativa busca divulgar o estado da arte da inovação brasileira, fruto do apoio da Finep, evidenciando o papel da ciência, tecnologia e inovação no desenvolvimento do país, especialmente em áreas como agronegócio, biotecnologia e mobilidade urbana.
A cerimônia contou com a presença de autoridades como o presidente da Finep, Luiz Antonio Elias; o secretário-executivo do MCTI, Luis Fernandes; o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão; além de diretores da financiadora e representantes de instituições de pesquisa.
A ministra Luciana Santos participou por vídeo. “Este prêmio é o verdadeiro Oscar da Inovação Brasileira. Depois de uma década, voltamos para mostrar a força da inteligência e do talento da nossa gente. Destacar o protagonismo das mulheres é não só uma questão de justiça, mas também de excelência, porque a diversidade produz uma ciência melhor”, afirmou Luciana.
Entre as novidades de 2025 está a Medalha Niède Guidon, concedida ao melhor projeto coordenado por mulheres ou com maior participação feminina. Nesta etapa, o reconhecimento ficou com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com a iniciativa Facility do Cerrado-Pantanal a bioprodutos foodtech, coordenada pela pesquisadora Maria Ligia Rodrigues Macedo. Trata-se da primeira plataforma nacional aberta de proteínas e peptídeos com aplicações biotecnológicas, que servirá como biblioteca científica para pesquisadores e empresas, impulsionando o desenvolvimento de bioprodutos funcionais, fármacos, cosméticos sustentáveis e bioplásticos.
Vencedores por categoria
Os premiados regionais agora avançam para a disputa nacional. No Centro-Oeste, os projetos vencedores foram:
- Cadeias agroindustriais sustentáveis: Instituto Senai de Tecnologia de Alimentos – aproveitamento integral de babaçu e pequi para bioinsumos inovadores em alimentos e cosméticos, reduzindo o desperdício e promovendo renda para comunidades extrativistas;
- Complexo Econômico-Industrial da Saúde: Universidade Federal de Goiás – Cell4vision, plataforma biológica que utiliza células-tronco, bioimpressão 3D e nanobiomateriais para terapias regenerativas em oftalmologia, com potencial de incorporação no SUS;
- Transformação Digital da Indústria: Kerow Soluções em Precisão – sistema pioneiro de reconhecimento de bovinos por inteligência artificial, rastreando animais de forma automática, não invasiva e conforme a legislação nacional;
- Bioeconomia e transição energética: Anexo Energia – desenvolvimento de películas fotoluminescentes com terras raras para aumentar a eficiência energética de módulos fotovoltaicos;
- Deep Tech Startup: Pantabio – criação do primeiro biopesticida do Pantanal à base de microrganismos nativos de Trichoderma, promovendo regeneração de solos e controle biológico;
- Ambiente de Inovação: Instituto Federal Goiano – modernização do Laboratório IFMaker, com foco em prototipagem, eletrônica, impressão 3D, robótica e realidade aumentada/virtual;
- Infraestrutura de P&D em ICTs: UFMS – fortalecimento dos laboratórios de Agricultura Digital e de Purificação de Proteínas, voltados para pesquisas em biofortificação de alimentos, combate à desnutrição global e adaptação de plantas às mudanças climáticas.
Investimentos
Segundo o presidente da Finep, Luiz Antonio Elias, o retorno da premiação simboliza a consolidação de investimentos estratégicos. “Entre 2023 e 2025, contratamos R$40 bilhões em cerca de 4.700 projetos em todo o Brasil. No Centro-Oeste, foram R$2,3 bilhões em 319 projetos, sendo quase metade apenas em 2025. Isso mostra que a inovação floresce também nas fazendas, nos laboratórios e nas universidades da região”, destacou.
Ricardo Galvão, presidente do CNPq, ressaltou a importância de superar a distância entre a pesquisa acadêmica e o setor produtivo. “Precisamos atravessar o chamado Vale da Morte da inovação. O prêmio é fundamental para aproximar a ciência da realidade produtiva e impulsionar soluções nacionais”, disse.
Com cerca de três mil projetos apoiados pela Finep entre 2023 e 2024, 300 foram inicialmente selecionados. Desses, 144 disputam os prêmios regionais em oito categorias, além da premiação especial feminina. Os vencedores regionais concorrerão na etapa nacional, em dezembro, quando serão entregues os Troféus Finep de Inovação 2025 no Palácio do Planalto.
Até lá, novas etapas serão realizadas, como a cerimônia do Sul, marcada para 24 de outubro, em Florianópolis.