Campeonatos europeus enfrentam resistência ao copiar EUA – 26/10/2025 – Esporte

por Assessoria de Imprensa


Adversários em campo neste domingo (26) em partida válida pela décima rodada do Campeonato Espanhol, Real Madrid e Barcelona travaram ao longo da última semana uma batalha nos bastidores. Ao fim da disputa, o clube catalão foi impedido de ir adiante com seu plano de disputar um jogo da liga nos arredores de Miami, que estava marcado para 20 de dezembro.

A transferência do duelo entre Villarreal e Barcelona para a América do Norte, inédita na história da competição, era parte de um projeto de fortalecer a imagem das equipes envolvidas no mercado dos Estados Unidos. A LaLiga, organizadora do campeonato, via a oportunidade de se expandir em um local que recebeu neste ano a Copa do Mundo de Clubes e será em 2026 palco do Mundial de seleções.

Movimentos semelhantes são vistos frequentemente nas principais ligas dos Estados Unidos. A NFL (futebol americano), a NBA (basquete) e a MLB (beisebol) levam jogos para o exterior —o Brasil já recebeu dois confrontos da NFL e tem mais um confirmado. No ciclismo, a Volta da França da França, a Volta da Itália e a Volta da Espanha já começaram fora de seus respectivos países.

Em 2008, a Premier League ensaiou uma ação semelhante, com a realização de uma 39ª rodada do Campeonato Inglês fora do Reino Unido, em locais como Nova York, Hong Kong e Sydney. A proposta acabou engavetada após enfrentar forte rejeição da Fifa (Federação Internacional de Futebol), da Uefa (União das Associações Europeias de Futebol), da FA (Football Association, da Inglaterra), da imprensa inglesa e dos torcedores locais.

O plano apresentado por Barcelona e Villarreal seguiu pelo mesmo caminho. Desde o último dia 8, quando o presidente da LaLiga, Javier Tebas, confirmou a realização do embate fora da Espanha, houve uma enxurrada de críticas.

Os ruídos vieram de todas as partes. A Fasfe, uma espécie de associação espanhola de torcedores, uniu-se a grupos de torcedores dos dois times para declarar sua “oposição absoluta, total e firme” aos planos.

No último fim de semana, atletas de várias equipes realizaram protesto e não disputaram a bola nos primeiros 15 de segundos das partidas válidas pela nona rodada do Espanhol.

O Real Madrid pediu à Fifa que impedisse a realização do jogo, argumentando que isso prejudicaria a “integridade” da competição. Segundo seus dirigentes, a eliminação do fator casa para um time em um único jogo poderia ter um impacto significativo no resultado final das posições na liga.

De acordo com o site The Athletic, a equipe madrilena apresentou duas reclamações oficiais ao Conselho Superior de Esportes do governo espanhol (Consejo Superior de Deportes, CSD), apontando que LaLiga não tinha o direito de levar um jogo nacional para o exterior e levantando a possibilidade de Tebas até mesmo ser suspenso de seu cargo. Segunda a publicação, esse foi o principal motivo para o recuo do dirigente.

Na quarta-feira (22), o presidente do CSD, José Manuel Rodríguez Uribes, colocou-se do lado do Real Madrid e disse: “Esta não era a maneira de fazer as coisas”.

Capitães dos 20 clubes que disputam o Campeonato Espanhol reclamaram que LaLiga tenha tomado decisões sem consultar a opinião dos jogadores.

Frenkie de Jong, meio-campista holandês do Barcelona, manifestou-se contrário a ideia do clube que defende. “Não gosto que joguemos lá e não concordo com isso. Não é justo com a competição. Não acho que seja certo para os jogadores. Sempre reclamamos do calendário de jogos e das viagens excessivas”, disse.

Xabi Alonso, técnico do Real Madrid, declarou que a partida de Miami adulteraria a competição. “Não houve unanimidade ou consulta para jogar em campo neutro. Os protestos são positivos, e esse sentimento é positivo.”

As divergências criaram um cenário de instabilidade jurídica que levou o promotor da partida em Miami a desistir.

Barcelona e Villarreal, porém, não enterraram completamente o projeto. Em nota, o time catalão afirmou que “lamenta a oportunidade perdida de expandir a marca da competição em um mercado estratégico com capacidade de crescer e gerar recursos para o benefício de todos”.

A LaLiga também disse que iniciativas assim são “essenciais para garantir o crescimento do futebol espanhol”, enquanto se esforça para acompanhar o ritmo da Premier League inglesa, cujos acordos de transmissão superam os de seus concorrentes na Europa.

Esse teria sido um dos argumentos usados pela liga espanhola para conseguir uma liberação excepcional da Uefa para levar o jogo aos EUA. O cancelamento da viagem, no entanto, foi celebrado pelo presidente da entidade. “É uma vitória dos torcedores, dos jogadores e das tradições que tornam o futebol europeu especial”, disse Aleksander Ceferin.

A declaração do dirigente ecoou na Itália, onde Milan e Como também obtiveram uma autorização da entidade europeia para realizar um jogo válido pelo Campeonato Italiano em Perth, na Austrália, em 2026. Se confirmado, seria o primeiro da liga fora do país.

O meia francês Andrien Rabiot, do Milan, classificou a ideia de transferir o jogo como “maluca e absurda”. O CEO da liga, Luigi de Siervo, rebateu as críticas e comparou a iniciativa às estratégias de expansão adotadas pela NFL e pela NBA. Por enquanto, o plano está mantido.

Diante dos interesses comerciais envolvidos, desde o ano passado a Fifa passou a considerar mudar sua política que impede a realização de partidas de ligas fora de seus países. A mudança seria uma resposta a um processo antitruste movido pela Relevent Sports contra a entidade, que se originou de uma tentativa de 2018 de sediar uma partida da LaLiga em Miami.

O processo alegou que a política territorial da Fifa constituía uma divisão ilegal de mercados. O caso foi resolvido em 2025, e o acordo abriu caminho para possíveis futuras partidas internacionais nos Estados Unidos, como tentaram fazer Barcelona e Villarreal.

Após uma semana de embates fora de campo, Real Madrid e Barcelona se enfrentaram dentro dele, no Bernabéu, em Madri, neste domingo. Os donos da casa venceram por 2 a 1, com gols de Mbappé e Bellingham de um lado, e de Fermin López, do outro.

O brasileiro Vinicius Junior irritou-se com o treinador Xabi Alonso, após ser substituído aos 26 minutos do segundo tempo. Depois de uma partida tensa, em que o atacante provocou adversários e cobrou participação da torcida, ele se dirigiu diretamente aos vestiários quando Rodrygo tomou seu lugar.

Pouco antes do apito final, após Pedri ser expulso, já na prorrogação, Vini emergiu dos vestiários e se envolveu em uma briga com a equipe adversária.



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